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Investigação sobre a Danone revela sofrimento animal em fazendas no Brasil

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Foto: Sinergia Animal
ONG Sinergia Animal registrou novas imagens de bezerras mantidas em gaiolas, abate inadequado de filhotes e outras práticas controversas

A ONG internacional Sinergia Animal lança uma nova investigação sobre a Danone, nesta segunda-feira (29), expondo irregularidades e práticas que causam sofrimento a milhares de animais na cadeia de fornecimento da gigante de laticínios no Brasil.

Divulgadas pelo The Intercept Brasil e somando quase 1 milhão de visualizações, as gravações inéditas em vídeo e áudio revelam o confinamento de bezerras em gaiolas individuais por longos períodos, chegando a até 3 meses; mutilações realizadas sem controle de dor, como a retirada dos “chifres”; cuidado indevido com vacas feridas e displicência com bezerros machos, que recebem apenas as sobras de colostro, são transportados ainda recém-nascidos e abatidos de maneira inadequada.

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“A investigação nos mostra que essas práticas horríveis não são casos isolados e, sim, um problema sistêmico dentro da cadeia de fornecimento da Danone. É urgente que a empresa assuma uma política de bem-estar animal que se estenda a todas as fazendas de leite por trás dos seus produtos. Esta é a única maneira de garantir que essas práticas sejam erradicadas, reduzindo o sofrimento de milhares de animais”, afirma Carolina Galvani, diretora executiva da Sinergia Animal.

A campanha SubMundoDanone.com já recebeu o apoio de celebridades como Luisa Mell e o influenciador Fabio Chaves.

Uma das líderes no setor de laticínios, a Danone agora enfrenta uma pressão crescente para tomar medidas acerca dos problemas revelados pela investigação. Tanto os consumidores, como ativistas pelos direitos dos animais pedem à Danone que implemente uma política que proíba práticas como o descarte de bezerros machos, o confinamento em gaiolas e mutilações sem controle da dor.

Descaso com bezerros machos

Em depoimentos registrados pela Sinergia Animal, funcionários e donos das fazendas revelaram que o primeiro leite da mãe, o colostro, é garantido apenas para as bezerras fêmeas. Os machos não recebem ou ficam com as sobras. Estudos apontam que a prática prejudica o desenvolvimento do sistema imune dos filhotes e pode levar à morte.

De acordo com a especialista em bem-estar animal Fernanda Vieira, diretora de bem-estar animal e pesquisa da Sinergia Animal, o bem-estar dos bezerros machos não é prioridade para a indústria; por não terem utilidade na produção de leite, são comumente descartados. “Os bezerros que nascem têm pouco valor comercial”, diz. Ela explica que muitos deles são separados da mãe depois do nascimento e recebem menos cuidados do que as fêmeas.

“No caso da Danone, o que constatamos é ainda pior — além de nem sempre receberem o colostro como deveriam, os filhotes machos são transportados com poucos dias de vida, quando ainda não são suficientemente resilientes, por exemplo, com peso corporal adequado e cordão umbilical seco. E então, são abatidos inadequadamente”, explica Vieira.

Imagens chocantes obtidas pela ONG em um abatedouro para onde são destinados alguns dos bezerros recém-nascidos na cadeia da Danone mostram que o atordoamento antes do abate é falho — o que significa que podem estar conscientes durante o processo. “Isso é grave. Esses animais podem estar sentindo dor, o que vai contra as normas de abate estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, diz Vieira.

A organização destaca que outras práticas expostas na investigação contradizem as recomendações do próprio site internacional da Danone — entre elas, a retirada das estruturas que formarão os chifres das bezerras fêmeas e o tratamento humanitário de animais incapacitados. Os depoimentos de funcionários apontam que a prática é realizada indiscriminadamente nas fazendas investigadas, usando pasta cáustica. O procedimento doloroso é realizado sem anestesia ou controle de dor. Os registros também revelam que vacas que já não podem mais andar não são eutanasiadas como deveriam.

“A forma como os animais são tratados reflete a posição ética de uma empresa e tem um impacto profundo na sua relação com os consumidores e o público em geral. Esperamos que a Danone reconheça a urgência da situação e tome medidas significativas para banir essas práticas perturbadoras”, finaliza Galvani.

Para assistir à investigação na íntegra, acesse: www.SubMundoDanone.com

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