Os líderes da União Europeia (UE) prometeram retaliar caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha tarifas comerciais, mas enfatizaram a busca por alternativas diplomáticas para evitar uma guerra comercial que prejudicaria as economias de ambos os lados. A ameaça de Trump veio após ele anunciar tarifas contra a China, o Canadá e o México, e garantir que “absolutamente” aplicaria restrições comerciais à Europa, embora sem fornecer detalhes sobre quais medidas seriam adotadas ou quando entrariam em vigor.
O presidente francês, Emmanuel Macron, destacou a posição da UE em relação às ameaças de Trump. “Se formos atacados em questões comerciais, a Europa, como uma potência que se considera tal, terá que se fazer respeitar e, portanto, reagir”, afirmou Macron, durante a abertura de uma cúpula de líderes da UE e da Otan, que discutiu questões transatlânticas e o financiamento da defesa.
A UE tem enfrentado críticas contínuas de Trump devido ao déficit comercial com os EUA, sendo a maior região em termos de desequilíbrio comercial com os norte-americanos. Além disso, Trump tem pressionado as capitais europeias a aumentarem substancialmente os gastos com defesa, ou então perderiam as garantias de segurança dos EUA, que sustentam a defesa do continente desde a Segunda Guerra Mundial.
Em resposta, Macron sugeriu que a Europa adote uma postura mais independente ao fortalecer seu mercado interno. “É decidindo comprar e preferir produtos europeus que [a Europa] será mais independente”, afirmou o presidente francês.
A Comissão Europeia, responsável pela política comercial da UE, está preparada para adotar medidas retaliatórias caso as tarifas de Trump sejam implementadas, embora os detalhes das ações permaneçam confidenciais. A principal diplomata da UE, Kaja Kallas, afirmou que estão “preparados para agir, se necessário”, com dois oficiais da UE confirmando que um planejamento contingencial substancial está em andamento.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, também reiterou a postura de resistência da Europa, destacando que a UE, como uma potência econômica, tem a capacidade de moldar seus próprios interesses e responder a políticas tarifárias de forma proporcional. “Uma guerra comercial seria ruim para os EUA e para a Europa”, afirmou Scholz, sugerindo que, em caso de conflito, a Europa poderia focar em firmar mais acordos de livre comércio com outras regiões do mundo.
Enquanto isso, outros líderes da UE defenderam a continuidade do diálogo com os EUA para evitar a escalada das tensões comerciais. O primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, sublinhou a importância de negociar com Trump, dizendo: “Não vou começar uma guerra. Quero iniciar negociações.” Da mesma forma, o chanceler austríaco, Alexander Schallenberg, ressaltou que, apesar do déficit comercial da UE em bens com os EUA, o bloco tem um “déficit em serviços” que poderia ser explorado para chegar a um acordo.
Por sua vez, o presidente lituano, Gitanas Nausėda, sugeriu que a Europa deveria buscar uma “agenda econômica positiva” com os EUA, destacando oportunidades em setores como armas e gás natural liquefeito. “Temos que propor algo que possa ser interessante e atraente para os Estados Unidos, como acordos de livre comércio na indústria automotiva ou como comprar mais recursos energéticos”, afirmou.
Neste cenário, líderes europeus tentam equilibrar a necessidade de proteger seus interesses econômicos e comerciais com a busca por uma solução diplomática que evite uma guerra comercial de consequências destrutivas para as economias de ambos os continentes.
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