O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um momento crucial em seu governo, onde a falta de diálogo com os partidos de centro se torna uma preocupação crescente. Desde dezembro, líderes partidários aguardam uma convocação do presidente para discutir possíveis mudanças ministeriais, apesar de o tema já ter sido abordado em conversas com os presidentes da Câmara e do Senado.
A situação atual é reflexo das recentes pesquisas de opinião, como a realizada pelo Datafolha, que indicam uma queda na popularidade de Lula. Aliados ressaltam a importância de uma reforma ministerial que não apenas corrija erros do passado, mas também prepare o governo para as eleições de 2026. Ministros dos partidos aliados acreditam que Lula deve agir rapidamente na reestruturação de sua equipe ministerial, visando uma melhor coordenação e estratégia nas ações governamentais.
Entre os principais desafios enfrentados pelo governo está a necessidade de criar um núcleo decisório mais coeso e forte ao redor do presidente. A atual desarticulação entre os ministérios tem gerado insegurança na população, um exemplo sendo a controvérsia em torno da instrução normativa relacionada ao Pix. “É essencial que o governo defina uma estratégia clara e comunique suas intenções ao mercado o quanto antes”, afirma um dos ministros próximos ao presidente.
Além disso, as mudanças no cenário político internacional, como a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, complicam ainda mais a trajetória do governo brasileiro. O planejamento que tinha como meta consolidar o apoio dos eleitores centristas já apresenta sinais de fragilidade devido aos erros cometidos até aqui.
No que diz respeito à reforma ministerial em si, Lula já demonstrou intenção de iniciar as trocas pelas pastas lideradas pelo PT. As mudanças propostas incluem a Secretaria-Geral da Presidência e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, com nomes como Gleisi Hoffmann e Paulo Pimenta sendo cogitados para assumir essas funções.
A abertura para outros partidos no Palácio do Planalto também é vista como necessária por muitos aliados. O ministro Alexandre Padilha, atualmente em posição delicada dentro do governo, poderia ver seu espaço ameaçado por outros nomes fortes que buscam influência na administração. O deputado Isnaldo Bulhões (MDB), por exemplo, tem se destacado por sua proximidade com lideranças da Câmara.
Contudo, a relação entre Lula e esses partidos não é simples. Com a deterioração da popularidade presidencial, o apoio político torna-se cada vez mais complexo. “Acredito que agora não é o momento de buscar soluções para 2026, mas gestos políticos podem ajudar”, pondera um aliado do presidente.
Uma crítica recorrente direcionada a Lula é sua dificuldade em manter um canal aberto com deputados e senadores. Essa situação é frequentemente atribuída à primeira-dama Janja da Silva e ao próprio Rui Costa. Para evitar um colapso em seu mandato, é fundamental que o presidente esteja mais acessível às demandas dos parlamentares.
Interlocutores afirmam que os encontros recentes entre Lula e os líderes partidários podem indicar uma mudança positiva na abordagem do presidente, sinalizando uma disposição maior para ouvir e dialogar com diferentes setores políticos.
Leia também Confira os 34 denunciados pela PGR por crime de golpe de Estado