No sétimo episódio do podcast da série Ponta Grossa Masterplan 2043, que foi ao ar nessa quarta-feira (25), Jefferson Silva recebeu a presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa (CDEPG), Priscilla Garbelini, e a presidente do Núcleo das Indústrias (NDI) da Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa (Acipg), Natália Panzarini Egg, para discutir o papel estratégico da indústria no desenvolvimento da cidade e compartilharem suas visões e propostas para fortalecer o setor.
Assista a entrevista:
Confira os destaques:
O Masterplan foi desenvolvido entre 2022 e 2023, ano do bicentenário do município, e se projeta até 2043. O documento está dividido em eixos como economia, educação, saúde, segurança, infraestrutura, mobilidade e meio ambiente. Dentro do eixo econômico, foram estabelecidas metas específicas para setores como indústria, comércio, agronegócio e turismo.
Priscilla explica que “o CDEPG atua como guardião desse plano, porque planejamento não pode ser algo estático. O documento é orgânico, precisa ser atualizado constantemente para continuar sendo efetivo”.
Indústria diversificada impulsiona economia
Segundo Priscilla, o setor industrial é bastante heterogêneo, abrigando desde o tradicional polo metalomecânico e cervejeiro até segmentos menos conhecidos, mas altamente relevantes, como o da mineração. “É inegável o peso da indústria em Ponta Grossa. Ela gera empregos, movimenta a economia e tem um papel estruturante no município”, afirmou.
Destacou ainda que, apesar da presença visível de indústrias ao longo das rodovias e nos distritos industriais, muitos moradores desconhecem a amplitude do setor. “Temos um protagonismo importante na produção nacional de minerais como talco, dolomita e feldspato, usados em produtos da construção civil, papel e borracha”, ressaltou.
A presidente do NDI, Natália reforçou a importância de se fomentar a diversificação industrial como estratégia de fortalecimento econômico. “A formação de cadeias produtivas é uma característica da nossa indústria. Empresas consolidadas atraem outras, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento local”, explicou.
Diversificação e qualificação
Segundo Natália, a diversidade industrial está diretamente ligada a fatores como infraestrutura adequada, incentivos fiscais e mão de obra qualificada. “Precisamos continuar investindo em rodovias, ferrovias, abastecimento hídrico e energético, além de parcerias com universidades e centros de pesquisa. Só assim conseguiremos atrair indústrias tecnológicas e da chamada Indústria 4.0”, afirmou.
Priscilla reforçou a importância de um planejamento estratégico para suprir a crescente demanda por profissionais qualificados. “Ponta Grossa conta com uma boa estrutura educacional, com universidades públicas e privadas e atuação do sistema ‘S’. Mas a velocidade de crescimento da indústria é maior do que o ritmo de formação desses profissionais”, explicou.
Qualificação assertiva e melhorias em infraestrutura
As especialistas defendem a necessidade de uma qualificação mais alinhada às reais demandas das empresas locais. “O objetivo não é apenas qualificar, mas oferecer uma formação assertiva, que atenda ao que a indústria realmente precisa. Hoje, em muitas fábricas, o que antes era operado manualmente por um funcionário comum agora exige conhecimento em programação de máquinas. O perfil mudou”, destacou Priscila.
Natália complementou afirmando que a formação profissional precisa considerar as necessidades específicas das empresas locais. “Temos que formar trabalhadores preparados para atuar aqui, evitando que talentos formados em Ponta Grossa busquem oportunidades em outras cidades”, explicou. Ela também ressaltou a importância de olhar para todos os níveis da cadeia produtiva: desde os profissionais técnicos de alta qualificação até os trabalhadores do chão de fábrica.
Outro ponto crítico levantado foi a infraestrutura de transporte público até os distritos industriais. Segundo Natália, a limitação de horários e rotas impacta diretamente a disponibilidade de mão de obra. “Há casos de pessoas que precisam sair de casa às 4h da manhã para chegar ao trabalho às 7h. Isso desestimula o interesse em atuar na indústria, mesmo quando há vagas abertas”, lamentou.
Priscilla ainda revelou que, em estudos recentes sobre os gargalos da indústria local, já foi identificado um fluxo considerável de trabalhadores vindos de outras regiões, o que indica não apenas uma lacuna na formação local, mas também um risco de vazamento de riqueza para fora do município.
Ainda, segundo ela, mesmo com a presença de profissionais qualificados em Ponta Grossa, muitas indústrias ainda recorrem à contratação de mão de obra de outras regiões, principalmente para cargos de direção. Essa “importação” de profissionais ocorre, muitas vezes, por falta de uma qualificação local mais alinhada com as necessidades reais da indústria. “Temos pessoas capacitadas, mas nem sempre com o perfil específico que o setor demanda. Hoje, o operador de máquina já é um programador. É esse profissional mais lapidado que precisamos formar”, destacou.
Natália reforçou que a formação profissional deve ser pensada com base na demanda das empresas locais. “É importante que Ponta Grossa forme pessoas que queiram e consigam trabalhar aqui. Isso passa também por questões de infraestrutura, como transporte público eficiente até os distritos industriais, onde ainda há muitas dificuldades de acesso”, comentou.
Masterplan 2043: BnT amplia debate com podcast e análises sobre o futuro da cidade
No podcast “Ponta Grossa Masterplan 2043”, especialistas são convidados a discutir os temas explorados nas reportagens, contribuindo com reflexões e insights sobre o futuro da cidade com base nas pesquisas e diretrizes do Masterplan.
Trata-se de um projeto multiplataforma desenvolvido pelo BnT, que utiliza diversos formatos para envolver o público em uma reflexão abrangente sobre o amanhã de Ponta Grossa.
Além das reportagens escritas, a série inclui infográficos, uma newsletter exclusiva, um podcast semanal e ampla divulgação nas redes sociais e demais plataformas do BnT.
A cada semana, um novo tema do Masterplan é destacado, com publicações que reúnem dados oficiais do CDEPG, opiniões de especialistas, entrevistas e análises aprofundadas.
APOIADORES
O projeto conta com o apoio de importantes instituições locais, como:
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