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Ponta Grossa em busca da paz: números preocupantes e soluções para a segurança pública

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Guilherme Matavelli
Série especial do Portal BnT mostra como Masterplan avalia o que pode ser feito para uma cidade mais segura no futuro.

Andar pelas ruas de bairros mais afastados após as 18h sem sentir medo. Deixar o celular visível sem a preocupação de ser furtado. Ver os jovens da periferia tendo opções além do crime. Esses ainda são sonhos distantes para muitos ponta-grossenses, mas o Masterplan de Ponta Grossa 2043 traça um caminho ambicioso para transformá-los em realidade. A série do Portal BnT sobre o documento que traça metas e desafios para Ponta Grossa nos próximos 20 anos se volta para um tema sensível e preocupante a todos os ponta-grossenses: a segurança pública.

Com uma taxa de homicídios de 18,2 por 100 mil habitantes — acima da média nacional — e bairros como Oficinas e Contorno concentrando 45% dos crimes violentos, a cidade enfrenta desafios complexos. Mas as soluções estão em curso: de câmeras de reconhecimento facial a bases comunitárias, Ponta Grossa aposta em tecnologia e prevenção para virar esse jogo.

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O retrato da violência

Os números levantados pelo Masterplan revelam uma cidade sob tensão. Enquanto a média nacional de homicídios é de 15,1 por 100 mil habitantes, Ponta Grossa registra 18,2 — índice que cresceu 12% desde 2018. Os roubos a pedestres representam 32% do total de ocorrências, com pico entre 18h e 22h. A situação é particularmente crítica em três áreas:

Oficinas: 28 homicídios em 2022

Contorno: 19 homicídios no mesmo período

Ronda: 15 casos violentos

Para o professor Rauli Gross Junior, doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), parte desse cenário está ligado a um problema que ultrapassa os limites da cidade: “Hoje, Ponta Grossa tem problemas muito graves em decorrência de duas facções criminosas. O número de homicídios se dá justamente por conta dessa disputa. O Estado não tem muito controle sobre essa situação, e é um problema que vem de fora da nossa cidade”, explica.

Elídio Curi de Macedo, presidente do Conselho de Segurança de Ponta Grossa (Conseg), reforça que o desafio é nacional: “São vários tipos de violência, seja com problemas envolvendo facções, tráfico de drogas, questões que se tornam problemas nas cidades e acabam chegando também em Ponta Grossa”.

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Imagem ilustrativa PCPR

As raízes do problema

O diagnóstico revela um cenário multifatorial. A estrutura policial é insuficiente, com apenas um PM para cada 500 habitantes — metade do recomendado pela ONU (1/250). O narcotráfico avança, com aumento de 35% nas apreensões de crack nos últimos três anos. Além disso, há falta de integração entre as forças de segurança e uma infraestrutura urbana vulnerável — apenas 30% das câmeras de monitoramento funcionam com plena capacidade.

Gross Junior destaca que a tecnologia pode ser uma aliada, “não tem como ter guardas e policiais em todos os locais, mas podemos ter câmeras, sistemas automatizados”. Ele também defende uma abordagem mais estratégica: “Temos que pensar em uma polícia menos ostensiva e mais comunitária, em que a sociedade confie e esteja mais próxima, como a patrulha escolar. É preciso criar uma rede de segurança com a comunidade, incluindo conselhos, igrejas, polícia — todos falando a mesma língua”.

Macedo ressalta os avanços na estrutura local: “A prefeitura tem se preocupado muito com a questão de segurança, investindo na Guarda Civil Municipal e ampliando recursos. Para enfrentar a violência, precisamos primeiro de condições para investir, criando uma estrutura capaz de lidar com um problema que não é só nosso, mas do país inteiro”.

As estratégias em ação 

O Masterplan propõe um ataque em quatro frentes:

  1. Tecnologia a serviço da vida

– 120 câmeras com reconhecimento facial

– Central integrada de monitoramento em tempo real

– Aplicativo “PG Segura” para denúncias georreferenciadas

O professor elogia essa abordagem: “O investimento em novas tecnologias, como softwares de leitura facial e a ‘muralha digital’ (câmeras espalhadas pela cidade), é o futuro da segurança pública. Sistemas autônomos que auxiliam na prevenção são essenciais”.

  1. Prevenção que transforma

– 20 bases comunitárias com guardas e líderes locais

– Oficinas profissionalizantes para jovens em risco

– Projeto “Cracolândia Nunca Mais” transformando pontos de drogas em praças

  1. Intervenção qualificada

– Operações mensais com BOPE em áreas críticas

– Unidade especializada no combate ao tráfico

– 20 novas viaturas para a Guarda Municipal

  1. Participação que fortalece

– Conselho Municipal de Segurança comunitário

– Programa “Vizinhança Solidária”

– Parcerias com universidades para análise de dados

Macedo destaca a importância da união entre poder público e sociedade: “Temos as forças de segurança unidas para a prevenção, e isso já é um ponto positivo. Mas precisamos de mais entidades da sociedade civil focadas nesse tema, ajudando com sugestões e campanhas. A função de manter a cidade segura é do governo, mas cabe também à população participar”.

Gross Junior reforça a importância da ocupação urbana: “Quanto mais urbanizado um espaço, menos violento ele é. Temos que incentivar a circulação de pessoas. Quando os espaços são frequentados, os crimes são inibidos”.

O caminho à frente

As metas são ambiciosas: reduzir a taxa de homicídios para 10/100 mil até 2030, ter 80% das câmeras ativas e implementar todas as bases comunitárias até 2026. Macedo lembra que o crescimento da cidade traz novos desafios: “Conciliar segurança com desenvolvimento envolve lidar com o aumento da população e com pessoas que vêm de fora, atraídas pelos investimentos em Ponta Grossa. É um equilíbrio complexo, mas necessário”.

“Como conciliar o desenvolvimento da cidade com os problemas de segurança que os grandes centros apresentam talvez seja o maior desafio que temos pelos próximos anos”, reflete Gross Junior. “A tecnologia ajuda, mas precisamos investir também em educação e conscientização. O plano está no caminho certo, mas o desafio é manter a consistência diante da complexidade do crime organizado e dos recursos limitados”, complementa. O plano está traçado. Agora, é hora de transformá-lo em realidade.

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Reinaldo Marcondes

Masterplan 2043: BnT leva o debate sobre o futuro de Ponta Grossa para o podcast 

A série especial do portal BnT sobre o Masterplan 2043 não se limita a reportagens escritas – ela convida o público a refletir, em diferentes formatos, sobre os caminhos que Ponta Grossa pode seguir nas próximas décadas. Todas as quartas-feiras, um podcast exclusivo entra no ar para analisar os dados e propostas contidos no plano estratégico da cidade.

Em cada episódio, o podcast “Ponta Grossa Masterplan 2043” reúne especialistas para discutir os temas levantados pela série. Esses debates ampliam a compreensão sobre os desafios e oportunidades que surgem a partir das diretrizes do documento elaborado pelo CDEPG.

O projeto se destaca por sua abordagem multiplataforma: além do podcast semanal, os leitores encontram reportagens aprofundadas, infográficos explicativos e uma newsletter dedicada ao tema. Todo o conteúdo ganha repercussão nas redes sociais e demais canais do BnT.

A cada semana, um novo aspecto do Masterplan é explorado, sempre com base em dados oficiais, entrevistas exclusivas e análises qualificadas, oferecendo aos cidadãos diferentes perspectivas sobre o futuro de Ponta Grossa.

O projeto inovador do Portal BnT conta com os seguintes apoiadores:

 

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Jeferson Augusto

Jeferson Augusto

Jeferson Augusto é jornalista, com mais de 15 anos de atuação na comunicação, em diferentes setores. Já foi repórter nas mais variadas editorias, atuou como chefe de redação bem como experiência em comunicação corporativa e assessoria de imprensa.

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