Prefeitos da Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG) se uniram em defesa dos produtores de tabaco da região durante audiência pública realizada nesta terça-feira (15), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O encontro, que reuniu mais de 500 pessoas, discutiu o Projeto de Lei nº 119/2023, que propõe uma nova sistemática para a classificação da folha de tabaco no estado, com impactos diretos sobre a cadeia produtiva fumageira.
Estiveram presentes os prefeitos Douglas Modesto (Ipiranga), Mário Cezar (São João do Triunfo), Orli de Cristo (Ivaí) e Altamir Sanson (Palmeira), que representaram os interesses dos municípios produtores de fumo dos Campos Gerais, uma das principais regiões fumageiras do Brasil.
Atualmente, a classificação das folhas de tabaco — que define a qualidade e, consequentemente, o valor da safra — ocorre somente após a entrega do produto às indústrias. O PL 119/2023 propõe que esse processo passe a ser realizado ainda nas propriedades rurais, antes do transporte à indústria, garantindo ao fumicultor o direito de aceitar ou recusar a venda com base na classificação feita in loco.
Voz dos gestores
Durante a audiência, o prefeito Mário Cezar destacou o impacto econômico da fumicultura nos municípios e a importância de assegurar que os produtores tenham maior controle sobre a comercialização. “Nosso município tem 2,2 mil famílias produtoras de fumo. Somos o segundo maior produtor do Brasil e o primeiro do Paraná. Precisamos garantir a viabilidade desse projeto. É preciso estabelecer prazos e penalidades, caso as empresas não se adequem à nova regra”, defendeu o prefeito de São João do Triunfo.
O prefeito de Ipiranga, Douglas Modesto, também reforçou a importância da mobilização política em favor dos produtores:“É um projeto polêmico, mas necessário. Não podemos retroceder. Vamos construir soluções em conjunto para garantir que nossos produtores sejam valorizados e tenham voz”, afirmou.
Para o prefeito Orli de Cristo, de Ivaí, a proposta representa uma conquista na luta por mais equidade no processo de comercialização do fumo: “Muitos produtores não conseguem acompanhar a classificação feita nas empresas por conta da distância. O novo modelo permite ao agricultor estar mais presente e atuante nesse processo, que afeta diretamente sua renda”, apontou.
Presença massiva e debate amplo
A audiência contou com a participação de fumicultores, representantes de empresas fumageiras, lideranças de entidades ligadas à agricultura familiar, além de técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral) e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). A expressiva presença de agricultores reforçou a relevância do tema e a expectativa de mudanças que favoreçam os pequenos produtores.
O clima foi de diálogo, mas também de cobrança por maior justiça na relação comercial entre produtores e indústrias. As divergências quanto à proposta motivaram os deputados estaduais a decidirem pela criação de uma Comissão Especial para analisar e aprimorar o texto do projeto, ouvindo todos os setores envolvidos.
Próximos passos
O PL 119/2023 seguirá em análise na Assembleia Legislativa, com a previsão de novas rodadas de debates técnicos e políticos. A expectativa é que a proposta avance com ajustes que contemplem tanto os direitos dos produtores quanto a viabilidade de implementação por parte das empresas fumageiras.
A AMCG e os prefeitos dos Campos Gerais seguem acompanhando de perto as discussões, com o compromisso de representar os interesses das milhares de famílias que têm na fumicultura sua principal fonte de sustento.