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Treze anos e muitas vidas tocadas pelo HU-UEPG

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Fotos: Aline Jasper e Arquivo Pessoal dos Entrevistados
Por mês, cerca de 1150 pacientes passam pelos leitos dos Hospitais da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Nos atendimentos ambulatoriais, são, em média, 6500 consultas mensais.

Por mês, cerca de 1150 pacientes passam pelos leitos dos Hospitais da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Nos atendimentos ambulatoriais, são, em média, 6500 consultas mensais. Cada um desses números é uma vida, motivo de existir do Hospital Universitário (HU-UEPG) e do Hospital Universitário Materno-Infantil (Humai-UEPG) há 13 anos, completos nesta sexta-feira (31).

Um jovem guerreiro

Pedro Henrique Penteado tinha sete anos em março de 2018, quando ingeriu por acidente um produto cáustico e precisou ser internado no HU-UEPG. “O médico que atendeu ele primeiro, ainda em Irati, falou que ele tinha poucas chances, porque tinha afetado um terço do esôfago dele e a garganta toda”, lembra a mãe, Gisele Penteado. O primeiro internamento durou nove dias, mas a história dele com o hospital estava longe de terminar. Nos próximos anos, ele precisou retornar dezenas de vezes, a cada 15 dias, para fazer uma série de dilatações gastroesofágicas. “Ele reclamava que o esôfago e a garganta estavam trancados, que não passava a comida”, conta Gisele.

Por um ano, as viagens de Imbituva a Ponta Grossa se tornaram rotina. Em fevereiro de 2019, o menino começou a ter dores de cabeça, que evoluíram para um coma. “O Pedro chegou no HU de novo, depois de um ano, sem andar, sem falar, só dormindo. Não conhecia mais ninguém, não tinha movimentos”. O diagnóstico foi de um abcesso cerebral, causado por uma bactéria que entrou na corrente sanguínea através das lesões no esôfago. Em 50 dias de internamento, foram três cirurgias neurológicas, culminando com a retirada da calota craniana, em abril.

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Pedro recebeu alta sem sequelas neurológicas. “Fomos informados de que ele teria que ser entubado, ter que aprender a falar de volta e conhecer as pessoas de novo, mas nada disso aconteceu”, comemora a mãe. Depois, em outubro de 2022, ele retornou novamente, agora no Humai, para fazer a cranioplastia, procedimento de reconstrução no crânio.

Agora, com 11 anos, Pedro pôde voltar para a escola. “Ele é uma bênção, saudável, estudioso, inteligente, está indo super bem na escola”, elogia Gisele. “Se o Pedro está vivo e está hoje conosco, cheio de saúde, é porque Deus encaminhou para um hospital como o Hospital Regional, na mão de pessoas abençoadas”. O acompanhamento continua, uma vez por ano, nas consultas ambulatoriais. “O HU se tornou a nossa casa, porque ficamos por anos lá e a gente adquiriu um carinho muito grande por toda a equipe. A gente nunca vai esquecer de tudo que passou nesse hospital”, finaliza a mãe.

Humanização do atendimento

Quando Sara Ghardashi veio do Irã para o Brasil com a irmã, há quatro meses, não imaginava que precisaria logo de atendimento médico, após um atropelamento em Carambeí, onde mora. As barreiras culturais e de linguagem poderiam ter sido um empecilho para o atendimento no HU-UEPG, mas foram superadas pela boa vontade das equipes e pela humanização do atendimento. “Mesmo sendo estrangeiros, vocês nos trataram muito bem e com humanidade, e nos deram toda a ajuda que puderam. Depois de recebermos alta do hospital, foram muito gentis conosco nas próximas visitas”, agradeceu.

“Quando sofri o acidente, tive uma grande dúvida mental e fiquei muito doente”, relata a maquiadora. “Graças ao bom tratamento do hospital, melhorei há alguns dias e consegui me recuperar muito antes do que pensava”. Os atendimentos precisaram ser intermediados pelo irmão, que traduzia para o árabe, mas como a religião muçulmana não permite que um homem e uma mulher fiquem sozinhos em um mesmo quarto, houve a necessidade de permitir a estadia também da irmã. “Estou muito grata a todos os médicos, enfermeiros e todos os funcionários, e especialmente à boa gestão do vosso hospital e agradeço os vossos esforços”, declarou, em mensagem via rede social para a enfermeira Sirlei Marchini Thomaz. “Por favor, aceitem meus parabéns pelo 13º aniversário do vosso bom hospital. Rezo por todos vós para ser bem sucedido e cheio de paz, e ser saudável sempre”.

Internado há cinco dias em um leito clínico no HU-UEPG, o seu Lidio Indezeichak conta que está torcendo para poder ir para casa antes do aniversário da esposa, no dia 09 de abril. Jussara Bueno de Camargo reveza com a mãe, Marli, para acompanhar seu Lidio no HU. Ela é uma senhora de idade, mas não abre mão de ficar junto do esposo pelo menos alguns dias na semana. “Ela não fica longe. Amanhã ela vem aí, e não tem como dizer que não”, brinca a filha.

Toda essa saudade tem razão de ser. Casados há 66 anos, Lidio e Marli nunca se separaram por muito tempo. Questionado se sente falta da esposa, Lidio se emociona. “Ôôôô. Sempre sinto. Graças a Deus a gente vive bem”.

Com suspeita de tuberculose e trombose pulmonar, ele está internado para tratar do pulmão e também do pâncreas, após a ingestão acidental de medicamentos. “Meu pai está sendo muito bem tratado, estão fazendo todos os exames possíveis e impossíveis para confirmar a suspeita da tuberculose”, conta Jussara.

Estudante, profissional, paciente

Quando Patrícia Puszka de Paula engravidou, não teve dúvidas de onde fazer o pré-natal e o parto: no Humai-UEPG. “Não pensei em outro lugar para ganhar o meu bebê”. Graduada em enfermagem pela UEPG e formada na residência em Enfermagem Obstétrica do HU, ela conhecia bem o hospital e as equipes e sabia da qualidade do atendimento humanizado, que era prioridade para ela.

Ela se viu apaixonada pela enfermagem obstétrica, principalmente pelo empoderamento feminino. “Apesar de todo o sistema social não ser o ideal, perfeito, para muitas mulheres a gente conseguia dar informação sobre o parto, sobre os cuidados com o bebê, nascimento”. No último mês da residência, a descoberta de uma gravidez inesperada transformou a profissional em paciente.

Quando chegou às 38 semanas de gestação, uma complicação fez com que fosse necessário induzir o parto. “O Heitor nasceu de um parto normal, lindo e humanizado, no chuveiro”, conta Thalita Fonseca Celinski, enfermeira e colega de Patrícia. A mãe do Heitor lembra, rindo, que o pequeno banheiro da sala de pré-parto, mesmo local escolhido para a entrevista para essa reportagem, estava cheio de colegas de trabalho para dar suporte profissional e também apoio emocional.

O bebê precisou de oxigênio ao nascer, mas mesmo assim, Patrícia pôde segurar o filho nos braços enquanto uma fisioterapeuta fazia o suporte ventilatório. “Diferente do que a gente espera, na primeira hora, fui amamentar só no outro dia”, lembra, emocionada.

“O atendimento é ótimo”. A avaliação como paciente se soma à percepção como profissional. Ter uma equipe multiprofissional auxiliando em todo o tempo foi muito importante para Patrícia. “Depois que você se torna mãe, você sabe que parir é difícil, amamentar é difícil, e por isso que eu acho tão importante esse apoio que os profissionais daqui dão, com informação, com acolhimento”, avalia.

Hoje, com um ano e seis meses, Heitor cresce feliz e saudável. “Ele é o terror na escolinha. Não quer fazer nenhuma soneca”, brinca a mãe. E a Patrícia segue atendendo às gestantes e mães no Humai, agora com uma visão diferente, de quem já passou por aquele processo e entende cada passo do caminho. “Para quem tem dúvida se o SUS é bom, se esse hospital é bom, eu falo: eu tive meu bebê aqui, e para mim foi uma experiência ótima. Posso falar com propriedade”.

Gigantes da Saúde

Hoje, os hospitais contam com 280 leitos, sendo 148 leitos clínicos e cirúrgicos, 40 leitos de UTI e seis salas cirúrgicas no HU; 81 leitos pediátricos e obstétricos, seis leitos de UTI Neonatal, três leitos de UTI Pediátrica, duas unidades de cuidados intermediários para neonatal e três salas de cirurgia no Humai.

“Na comemoração dos 13 anos do Hospital Universitário da UEPG, é importante destacar o trabalho de humanização de todos os profissionais de saúde que atuam nos nossos hospitais”, enfatiza o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto. “É um trabalho extremamente importante do ponto de vista da saúde coletiva, para toda a comunidade dos Campos Gerais, que tem ali um atendimento de alta qualidade técnica e, além disso, a humanização que faz do HU-UEPG uma referência na saúde do Paraná”.

O vice-reitor da UEPG, professor Ivo Mottin Demiate, enalteceu que os hospitais da UEPG têm a característica de melhoria contínua dos processos, estruturas e atendimentos. “Esses 13 anos do nosso Hospital Universitário têm sido uma grande aprendizado, uma evolução, sempre focada na melhoria contínua das condições para o bom atendimento dos pacientes”, rememora. “Quero deixar aqui os parabéns a todos os envolvidos nessa enorme empreitada, que é cuidar da saúde pública pelo SUS na nossa região”.

Os Hospitais da UEPG atendem a pacientes referenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de média e alta complexidade. O HU-UEPG é referência para 12 municípios da 3ª Regional de Saúde, enquanto que o Humai atende a 28 municípios de três regionais de saúde: 3ª, 4ª e 21ª.

“Uma história de sucesso na assistência e no ensino”. É assim que a professora Fabiana Postiglione Mansani, diretora geral dos HUs, resume a trajetória desses 13 anos do Hospital Universitário. Para mais de 1,2 milhão de pessoas, os HUs são sinônimo de atendimento em saúde gratuito e de qualidade. “Parabéns à nossa família HU, que possamos continuar crescendo para fortalecer cada vez mais a nossa missão: atendimento da população com segurança e eficiência”, comemora. “Viva o SUS! Viva o HU!”.

O diretor administrativo do HU, Edmar Miyoshi, enfatiza a importância dos hospitais da UEPG para sua região de abrangência. “Nestes 13 anos, o HU-UEPG, um hospital 100% SUS, tornou-se uma referência na saúde da população da região dos Campos Gerais”, diz. “Isso foi possível devido ao grande trabalho conjunto dos funcionários e docentes que atuam no HU, onde todos buscam a qualidade e segurança assistencial no cuidado dos pacientes”.

A construção do então Hospital Regional, em 2010, e sua incorporação pela UEPG em 2013 foram marcos importantes para a saúde da região. Como assinala o diretor técnico do HU, Ricardo Zanetti, o hospital é importante tanto do ponto de vista de assistência em saúde quanto de formação profissional. “O que eu desejo para o HU é que, nos próximos anos, continue crescendo na mesma velocidade exponencial em que cresceu nos últimos 13 anos”, declara.

Hospital de Ensino

Os HUs da UEPG são hospitais de ensino: junto à assistência ao paciente, está a formação de profissionais de saúde qualificados e humanizados, desde a graduação até a pós-graduação. Nas residências em saúde, 182 residentes atuam em nove programas de residência uni e multiprofissional: Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial; Enfermagem Obstétrica; Epidemiologia e Controle de Infecções; Intensivismo; Neonatologia; Reabilitação; Saúde do Idoso; Saúde Mental; e Urgência e Emergência; e doze programas de Residência Médica: Neurologia, Anestesiologia, Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Clínica Médica, Endoscopia, Medicina Intensiva, Ginecologia e Obstetrícia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Pediatria e Radiologia.

Além disso, os Hospitais são espaço de estudos para os cursos de graduação da área da saúde e outras áreas, com projetos de extensão e de pesquisa, aulas práticas e acompanhamento de casos reais. “O HU é, hoje, uma peça fundamental para muitos cursos que utilizam deste ambiente desde os primeiros anos dos acadêmicos, que podem usufruir desse espaço como uma forma de aprendizado muito mais próxima da realidade que eles vão encontrar no mercado de trabalho, assim como um ambiente muito rico na formação de profissionais capacitados”, descreve a diretora acadêmica do HU, professora Elisangela Gueiber Montes.

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