Em entrevista ao BNT NEWS na manhã desta sexta-feira (11), o vereador Ricardo Zampieri falou sobre a importância e os impactos da proposta de flexibilização do Plano Diretor de Ponta Grossa, tema que deve voltar à pauta da Câmara Municipal nos próximos dias. Para o parlamentar, a rigidez de algumas regras atuais tem inviabilizado empreendimentos e dificultado o acesso à moradia, principalmente para a população de renda média e baixa.
“O Plano Diretor é essencial para organizar o crescimento urbano da cidade, definindo desde normas de construção até regras para empreendimentos comerciais, industriais e residenciais. Porém, o modelo atual, apesar de bem-intencionado, não está funcionando na prática. Há muita burocracia e exigências que acabam por travar o desenvolvimento”, afirmou Zampieri.
Segundo o vereador, as mudanças em debate buscam retomar uma flexibilização que esteve em vigor anteriormente e que, com o fim de sua validade, deixou empreendedores e investidores em situação de insegurança jurídica. “Nós aprovamos o projeto de lei em regime de urgência, com articulação de vários vereadores. Agora ele segue para comissões e deve ser votado em até 15 dias. É uma pauta que não dá voto, mas que garante o progresso da cidade”, pontuou.
Construção mais cara e menos moradias
Zampieri explicou que mudanças no recuo frontal, nos distanciamentos laterais e na taxa de ocupação do solo, por exemplo, têm feito com que empreendimentos se tornem inviáveis. “Antes era possível construir cinco casas em um terreno. Hoje, só duas. Isso reduz oferta, aumenta o preço das unidades e afeta diretamente o cidadão. Uma casa popular que hoje custa R$ 200 mil pode passar para R$ 280 mil. A conta vai sobrar para quem mais precisa”, alertou.
Ele ainda destacou que o setor da construção civil, um dos que mais gera empregos diretos e indiretos na cidade, corre o risco de desaceleração caso a flexibilização não avance. “Se o mercado travar, muita gente perde emprego. E quem perde emprego, perde renda, perde dignidade. A cidade não pode parar por conta de regras mal planejadas.”
Planejamento e incentivos para o crescimento ordenado
O vereador reconheceu avanços do Plano Diretor, como a padronização de fachadas e os incentivos para ocupar áreas centrais da cidade, reduzindo os chamados “vazios urbanos”. “É inteligente construir onde já existe infraestrutura. Construir longe encarece tudo: transporte, escola, rede de água. Precisamos fechar a cidade, não espalhá-la ainda mais”, disse.
Zampieri também defendeu que grandes empreendedores ofereçam contrapartidas ao município, como melhorias viárias e pontos de ônibus. “Se um empresário vai lucrar milhões com um empreendimento, é justo que ele ajude a cidade a se preparar para isso.”
Críticas à Sanepar e alerta para falta de água
Durante a entrevista, o vereador também cobrou planejamento da Sanepar diante do crescimento populacional e relatou denúncias recentes de bairros sem abastecimento. “A Sanepar tem dado aval para novos empreendimentos, mas não tem acompanhado esse crescimento com a devida estrutura. Isso impacta não só a população, mas também afasta investidores. Indústrias precisam de segurança para operar.”
Próximos passos e expectativa de votação
Zampieri reforçou que o projeto de flexibilização busca retomar um modelo que já estava em vigor e que o atual debate serve como medida temporária até que as mudanças definitivas sejam aprovadas. “O poder público é lento. Enquanto isso, precisamos dar uma resposta rápida. É hora de agir para que Ponta Grossa continue crescendo com responsabilidade e justiça social.”
A expectativa é que a proposta de flexibilização seja votada na Câmara Municipal até o final de abril.
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