Naiane Almeida no artigo O fenômeno hallyu e as práticas interacionais dos fãs brasileiros no contexto do processo do soft power da Coreia do Sul explica que o fenômeno da propagação global de artefatos culturais sul-coreanos denominado Hallyu ou onda coreana, foi criado no fim da década de 1990, com a finalidade de desenvolver um diálogo ágil entre diferentes países utilizando-se de uma estratégia de desenvolvimento baseada nos preceitos do soft power que visa promover um país através da atração dos bens culturais.
No artigo A Influência do Marketing de Entretenimento Coreano no Brasil, Sarah Lays Grangeiro explora como a globalização e o marketing de entretenimento tem promovido a cultura coreana no Brasil. Através de k-dramas, k-pop, culinária, moda e outras formas de entretenimento, a Coreia do Sul conseguiu inserir muitos de seus costumes na sociedade brasileira. A pesquisa analisou como o marketing digital e as plataformas de streaming contribuíram para a disseminação da cultura coreana no Brasil.
James Barden no artigo A Superpower Between Superpowers: How Post-Cold War South Korea Leveraged Pop Culture Into Soft Power (Uma superpotência entre superpotências: como a Coreia do Sul pós-guerra fria transformou a cultura pop em poder brando) definiu soft power como a habilidade que um estado possui para levar outro(s) estado(s) a fazer o que lhe interessa, mediante atração, sem uso de coerção ou força. Esse movimento não apenas ajudou a Coreia do Sul a fortalecer suas relações diplomáticas, como também contribuiu para o seu crescimento econômico, colocando a cultura coreana em destaque no cenário global.
O Dr. Minsung Kim no artigo The Growth of South Korean Soft Power and Its Geopolitical Implications (O crescimento do poder brando sul-coreano e suas implicações geopolíticas) discute como a Coreia do Sul utilizou a cultura pop para aumentar seu poder brando globalmente. Embora o soft power seja eficaz para promover uma imagem positiva internacionalmente, este poder brando enfrenta limitações devido às tensões geopolíticas regionais na península coreana. O artigo sugere que a Coreia do Sul deve continuar participando ativamente de agendas globais para maximizar os benefícios de sua influência cultural.
Rei Sejong, o Grande e o King Sejong Institute Fundation (KSIF)
Rei Sejong, o Grande (1397-1450) foi o quarto monarca da dinastia Joseon da Coreia. Ele é amplamente reconhecido pela criação do hangul, o alfabeto coreano, em 1443. O Rei Sejong introduziu o Hangul em substituição aos caracteres chineses para promover a alfabetização e facilitar a comunicação entre os diversos estratos sociais do país.
Atualmente, o King Sejong Institute Foundation (KSIF) conhecido no Brasil como Instituto Rei Sejong, desempenha ações para a promoção da cultura coreana. O KSIF é uma agência de representação da República da Coreia para intercâmbio cultural internacional, divulgação da Coreia do Sul e busca despertar interesse internacional pelo país promovendo a comunicação e empatia entre os povos.
Iniciativas educacionais e oportunidades acadêmicas
A Universidade de São Paulo (USP) tem fortalecido seus laços com instituições coreanas, promovendo programas de intercâmbio e o Korea Corner, um espaço dedicado à cultura coreana. Desde 2021, 56 estudantes da USP participaram de intercâmbios na Coreia do Sul, demonstrando o crescente interesse dos brasileiros pelo país.
No Rio de Janeiro, a Secretaria de Educação implementou aulas de coreano em várias escolas públicas. A diretora da escola estadual Olga Benário, em Bonsucesso, Vanessa Costa, ficou em dúvidas quanto ao interesse dos alunos, mas relatou: “pra minha feliz surpresa, quando eu fui divulgar nas turmas, houve uma demanda absurda, muito por conta do k-pop, e a gente conseguiu formar uma turma de 25 alunos. Hoje já são três turmas”.
Motivações e benefícios para o aprendizado de coreano
Aprender coreano também pode abrir portas para oportunidades acadêmicas e profissionais. A Coreia do Sul oferece várias bolsas de estudo para estudantes internacionais e o conhecimento da língua coreana pode ser um diferencial importante na obtenção dessas bolsas.
O National Institute for International Education (NIIED) oferece bolsas de estudo para brasileiros que desejam estudar na Coreia do Sul. O programa visa promover intercâmbio educacional e fortalecer os laços entre os países. As bolsas de estudo são oferecidas para cursos de graduação, mestrado e doutorado, cobrindo despesas como mensalidades, acomodação e seguro de saúde. Além dos requisitos acadêmicos, os candidatos devem demonstrar interesse pela cultura coreana e habilidades linguísticas.
Samsung, Hyundai, LG, Kia motors são empresas coreanas que possuem forte presença no mercado brasileiro. Por isso, falar coreano pode ser um diferencial competitivo e abrir portas no mercado de trabalho. A Coreia do Sul é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, e o conhecimento da língua pode facilitar parcerias de negócios e oportunidades de trabalho em empresas coreanas no Brasil e na Coreia do Sul.
É preciso conhecimento prévio para aprender Coreano?
O Professor e Economista Diercio Ferreira, franqueado da escola de idiomas Yázigi Pampulha em Belo Horizonte entende que “não é necessário conhecimento prévio para começar a aprender coreano. Porém, entender o alfabeto coreano (hangul) que é relativamente fácil e pode ser dominado em algumas horas de estudo ajuda a acelerar o aprendizado. Além disso, a gramática é diferente das línguas ocidentais, com estrutura SOV (sujeito-objeto-verbo). Assim, estar ciente dessas diferenças ajuda na preparação para o aprendizado proveitoso da língua”.
Finalizando, o Professor Diercio Ferreira acredita que “A popularidade do K-pop e doramas, as iniciativas educacionais e as oportunidades acadêmicas e profissionais desempenham um papel crucial nesse movimento. Com a continuidade das iniciativas de promoção cultural e educacional, espera-se que o interesse pelo coreano continue a crescer, trazendo benefícios significativos para os estudantes brasileiros e fortalecendo os laços culturais entre Brasil e Coreia do Sul”.