Na tarde de ontem (06) veio a público a Resolução n.º 3.345/2024 da Secretaria de Educação do Paraná, a qual afasta a professora Carmen Lúcia de Souza Pinto, diretora do Instituto de Educação Professor César Prieto Martinez, do cargo. Em resposta à ação do Estado, alunos, pedagogos e professores se uniram em manifestação na manhã desta sexta-feira (07) em frente à sede do Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa.
O documento não justifica o afastamento temporário da profissional, mas as especulações dizem que é por conta de Carmen Lúcia ter participado da mobilização dos funcionários da educação ocorrida na última segunda-feira. Também, devido às publicações nas redes sociais pessoais nas quais se posiciona contra a privatização das escolas.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, a professora comenta sobre o caso e defende seu posicionamento. “Eu sou muito sincera e acredito que a privatização não vai ser legal. Não é porque eu sou diretora que eu vou concordar. Eu não concordo”, defende.
“Estou sendo afastada agora do meu cargo, mas o meu coração está tranquilo. Não tem problema nenhum ser afastada, eu não poderia estar em um cargo onde não acredito no que está sendo passado. […] Mas eu não deixo de calar a minha voz, eu não deixo de falar no que eu acredito, e eu acredito na educação pública”, completou Carmen Lúcia.
A manifestação estava marcada para as 9h de hoje, em frente ao Colégio Instituto de Educação, e seguiu até a frente do NRE, com cartazes e palavras de ordem, pedindo um posicionamento do Núcleo quanto à decisão do secretário de Educação Roni Miranda. Quem assume a direção do Instituto é a Professora Índia Mara Merces Bueno.
Posicionamento
Entramos em contato com o NRE, que respondeu esclarecendo que a diretora foi afastada pela Secretaria de Estado da Educação com respaldo na Lei n° 21352. “Para fim de melhor esclarecimento relativo às circunstâncias da decisão, as informações estão sendo apuradas e, tão logo estejam esclarecidas, serão devidamente pontuadas”, completou a nota. A reportagem buscou, também, a Secretaria de Educação do Estado, a qual não retornou até a publicação da reportagem.
O deputado federal Aliel Machado publicou um vídeo nas redes sociais denunciando o caso: “isso é muito grave num país onde deveria prevalecer o debate e o diálogo. Toda minha solidariedade à professora Carmen Lúcia e a todos que têm sofrido perseguições por continuar lutando pela escola pública”, escreveu.
A APP-Sindicato de Ponta Grossa, entidade que representa os professores estaduais, se manifestou através de uma nota de repúdio sobre a decisão do secretário Roni Miranda Vieira e da Chefe do Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa, Luciana Sleutjes.
“O afastamento, sem justa causa aparente e baseado em fundamentos administrativos questionáveis, revela uma atitude autoritária e desrespeitosa para com os profissionais da educação e a gestão democrática das instituições de ensino. É inadmissível que ações arbitrárias, como a mencionada, sejam tomadas sem um diálogo prévio com a comunidade escolar e sem o devido processo de apuração dos fatos”, diz a nota.
O Sindicato ainda escreveu que não tolerará atitudes que visem intimidar e desvalorizar os profissionais da educação, que dedicam suas vidas à formação de nossos estudantes. “Estamos fazendo o atendimento jurídico do caso e exigimos a imediata revogação da resolução que afasta a professora Carmen Lúcia de Souza Pinto e a restauração de sua função”, finalizou a Presidenta do Núcleo Sindical, Andréa Rosane de Souza.
Assista aos vídeos da manifestação repassados ao Portal BnT Online por internautas:
Ver essa foto no Instagram