Neste sábado (22), Ponta Grossa foi palco de um importante ato público organizado pelo Terreiro de Umbanda Caboclos da Lei, com o propósito de combater a intolerância religiosa e celebrar o Dia Nacional das Tradições de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. A manifestação foi marcada por um ato de resistência e união das comunidades de terreiros, com a participação de lideranças espirituais, fiéis e cidadãos que apoiam a causa.
O evento teve início com uma oficina de cartazes realizada no próprio terreiro de Umbanda Caboclos da Lei, que contou com a participação de crianças, jovens e adultos que se mobilizaram para reforçar a luta contra o racismo religioso. Em seguida, uma carreata percorreu as ruas da cidade, passando por pontos emblemáticos, até chegar à Praça dos Polacos. O ato culminou com uma leitura do manifesto ao lado do Ponto Azul, onde foi ressaltada a importância da diversidade religiosa e o respeito às tradições de matriz africana. Durante o evento, a curimba, a música e o canto dos participantes fortaleceram a conexão com as raízes ancestrais, além de afirmar o compromisso da comunidade em manter viva a cultura afro-brasileira.
Em um depoimento emocionante, Mãe Jana, uma das líderes do movimento, destacou a importância do evento como um espaço de acolhimento e conscientização. “O objetivo de hoje é o apolimento de nossa comunidade. Estamos aqui para nos unir e garantir que nossa fé, nossa cultura e nossas tradições sejam respeitadas. Cada passo que damos é uma vitória contra a intolerância religiosa que ainda persiste em nossa sociedade”, afirmou Mãe Jana. Ela também reforçou que a luta é de todos, independentemente da religião, pois a intolerância afeta todas as pessoas, e o respeito ao próximo é o princípio que deve prevalecer.
Pai Rafa, outro líder religioso do evento, ressaltou a importância da visibilidade e do diálogo. “Hoje, estamos aqui para afirmar que o Brasil é uma terra de diversas culturas e religiões. As religiões de matriz africana são uma parte fundamental da construção do que chamamos de Brasil. O racismo religioso não pode mais ser tolerado, e estamos aqui para pedir respeito, não só para nós, mas para todas as manifestações culturais que compõem a nossa nação”, afirmou Pai Rafa.
O evento em Ponta Grossa foi uma mobilização contra as discriminações religiosas e culturais que ainda afetam as comunidades de terreiro no Brasil. As lideranças espirituais ressaltaram que é urgente a construção de um país onde todas as religiões possam ser praticadas sem medo de perseguições, estigmatizações ou ataques. A Umbanda, o Candomblé e outras religiões afro-brasileiras não devem ser vistas como “menos importantes” ou “exóticas”; ao contrário, elas fazem parte da essência da diversidade cultural e religiosa que caracteriza a sociedade brasileira.
O Brasil é um país rico em diversidade, e as tradições de matriz africana desempenham papel essencial na formação cultural do povo brasileiro. No entanto, ainda existem muitos desafios relacionados ao respeito às crenças e práticas religiosas. Eventos como o Ato Crença Sem Medo são vitais para fortalecer a luta contra a intolerância religiosa, sensibilizar a população e criar espaços de diálogo e respeito.
A manifestação foi uma grande celebração de fé e cultura, e teve como principal objetivo promover a igualdade e o respeito à liberdade religiosa para todos, além de combater a intolerância religiosa que ainda marca a sociedade brasileira. O evento também reforçou a importância da união das diferentes comunidades, com o objetivo de criar um país mais justo e igualitário, onde todas as crenças possam ser praticadas livremente e com respeito.
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