Em entrevista ao portal Boca no Trombone, João Luis dos Santos, presidente do Instituto Sorriso Negro dos Campos Gerais (ISNEC), e Saulo Rosa, presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Ponta Grossa, discutiram o significado do Dia da Consciência Negra, celebrado ontem (20) em todo o país.
João destacou a relevância da data em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder quilombola brasileiro, tido como o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial, ressaltando a importância do evento ocorrido na Câmara de Vereadores de Ponta Grossa, onde lideranças comunitárias e quilombolas foram homenageadas pela luta antirracista. “A comunidade não para de falar sobre a consciência negra e suas lutas durante 364 dias do ano e ontem foi o dia de abrilhantar a Câmara Municipal de Ponta Grossa que é a casa do povo e receber o nosso povo”, disse.
Saulo abordou os territórios quilombolas em Ponta Grossa, mencionando que essas comunidades existem desde antes da chegada dos europeus ao Brasil. Ele lamentou a falta de reconhecimento oficial. “A área do quilombo Sutil desbarranca no Rio Tibagi até o Rio Caniú mas no Brasil observamos uma situação muito triste pois essas áreas eram consideradas desabitadas porque essas famílias não tinham a titulação da área, mas elas viviam ali e é muito triste observar isso porque até os dias de hoje esses quilombos não tem reconhecimento, eles não possuem um CEP”, lamentou.
João ressaltou que o ISNEC é fruto do movimento de conscientização da raça negra em Ponta Grossa, iniciado na década de 80, após os 100 anos da abolição da escravatura. “Essa abolição nunca veio ao povo negro, pardo e preto do Brasil. Em 1991 nós fundamos o Movimento de Conscientização da Raça Negra em Ponta Grossa para agregar essa população em torno das políticas de reparação histórica e políticas que dão visibilidade ao nosso povo e o combate ao racismo”, enfatiza.
Assista a entrevista completa abaixo:
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