Lili, não tive tempo de me despedir de você. As coisas foram caminhando, seguindo, você também seguiu, foi embora. Talvez fosse certo nem escrever, fazer jus à tua delicadeza com o silêncio. Calar e mirar de lá do passado teus cabelos castanhos, olhos cor de amêndoa, voz doce, inteligência e boa vontade únicas.
Não tenho vontade de explicar a outros o que você fazia, eu sei o quanto excepcional profissional você era. Ainda te vejo vestida com a guarda-pó branco, botas e capacete também alvos, os cabelos ocultos pela touca. Quando você ficou grávida pela primeira vez a felicidade em mudar de cidade, de emprego e seguir família nova em expansão.
Nunca mais soube de ti, as pessoas ainda somem. Mesmo com tantos modos de conversa virtual as pessoas queridas nos escapam. Somem no horizonte. Desaparecem no vão do horizonte junto com o sol que se põe e não voltam na alvorada. Você não voltou, nunca mais regressou.
Fiquei sabendo, anos mais tarde, da doença que te assolou, te levou, implacável, irremediável. Agora, de ti Lili, somente a lembrança, a saudade, a admiração que nunca deixarão de te trazer à recordação. Lili, você sempre será inspiração viva.
Autoria: Renata Regis Florisbelo