Em 17 de abril de 2021, Willian Lucas Souza Nascimento, um jovem de 25 anos, foi morto a tiros em uma cena descrita como “um confronto” com policiais da Ronda Ostensiva de Natureza Especial (Rone) da Polícia Militar na Vila Francelina, região de Uvaranas, em Ponta Grossa. Três anos após a trágica morte, o caso foi arquivado pela Defensoria Pública do Paraná, segundo informações recentes.
O caso ganhou notoriedade quando, em outubro de 2021, a Promotoria do Ministério Público do Paraná solicitou à 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa a abertura de um inquérito para investigar as circunstâncias da morte de Willian. A versão inicial apresentada pela Polícia Militar indicava que Willian estaria envolvido em uma troca de tiros com um vizinho e teria fugido e disparado contra a equipe policial, resultando em sua morte.
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Contudo, a família do jovem contestou essa versão, argumentando que Willian não tinha envolvimento com o tráfico de drogas, não tinha antecedentes criminais e estava trabalhando na época do incidente. Além disso, a família alegou que o jovem foi perseguido e emboscado pelos policiais, que teriam ameaçado Willian por ele ter filmado uma abordagem policial anterior em um bar.
O portal BNT também foi informado, na época, de que os mesmos soldados da Rone envolvidos no possível confronto já foram alvo de outras investigações do mesmo gênero, em Curitiba.
NOVAS INFORMAÇÕES
Em 2024, o portal BNT recebeu uma nota da ‘Rede Nenhuma Vida a Menos’, que defende vítimas mortas em confrontos com a polícia, sobre o caso. A nota inclui relatos da família de Willian apontando contradições nos relatos da Polícia Militar. “Meu filho era um jovem trabalhador, tiraram a vida dele muito cedo. Hoje a gente luta pela memória dele, mas também pra que nenhuma outra família passe pelo que passamos”, diz o pai do jovem, Claudmir Ferreira do Nascimento.
O documento revela ainda que no dia, Willian estava em um bar com seus amigos e enquanto relaxavam e descansavam, a polícia militar fez uma abordagem no local, revistou todos os que estavam no bar, inclusive os donos, realizando ali várias agressões.
Segundo testemunhas, Willian teria filmado a ação com seu celular e, por isso, foi ameaçado pelos agentes. Mais tarde, enquanto voltava pra casa, o jovem foi perseguido pelos policiais, emboscado em um terreno da região e alvejado com pelo menos seis tiros, nos braços e nas costas – um deles à queima roupa, o que desqualificaria confronto. O celular dele, onde estariam as filmagens, nunca foi encontrado.
INVESTIGAÇÃO AINDA CONTINUA
Ainda de acordo com o documento, o caso ainda é objeto de inquérito policial, ou seja, ainda está sendo investigado, três anos após o ocorrido, e aponta que, em 2021, 417 pessoas foram assassinadas pelas forças policiais no Paraná, e apenas três casos resultaram em ação penal contra os policiais envolvidos, conforme levantamento da Defensoria Pública do Paraná.
A mãe de Willian, Rogéria de Souza Nascimento, expressou seu pesar pela perda do filho. “Ele era um meu menino grande, um sonhador, um amigo verdadeiro, muito solidário. Depois que ele morreu, ficamos sabendo que ele ajudava crianças do bairro, com alimentos. Era muito amado”, conta a mãe, Rogéria de Souza Nascimento. “Ninguém tinha direito de tirar a vida dele. Justiça pra mim é deixarem nossos jovens viverem”, finaliza.
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