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O acidente aconteceu: E agora?, por Rafael Mansani e José Leal

Foto: Kauana Neitzel/arte BnT
Em meio às estratégias de prevenção de acidentes, frequentemente negligencia-se a importância das medidas de minimização pós-acidente

Tão importante quanto as medidas preventivas de acidentes são as medidas de minimização das consequências do acidente. Lamentavelmente muitos profissionais e empresas ainda não entendem que as medidas pós acidentes devem fazer parte do Programa de Segurança do Trabalho.

Tendo os olhos atentos a taxa de gravidade, com certeza entenderemos bem o quanto as medidas de minimização são importantes já que a extensão de lesão ou dos danos está diretamente ligada a quantidade de dias perdidos ou debitados. Isto faz parte da Taxa de Gravidade. Ao mesmo tempo na relação da empresa com as autoridades, na interdição, com a descontinuidade das operações e com a comunidade por meios de comunicação, clientes, etc. A diferença entre um acidente apenas com lesões ou morte, ou ainda com incapacidade temporária ou definitiva é fundamental.

Vale também ressaltar a questão das ações de ressarcimento, que a cada dia, ganham mais espaço. Em suma, em todos os aspectos a observação das medidas de minimização são por demais importantes para serem tratadas secundariamente. Um bom Programa de Segurança deve sem dúvida, ter como parte essencial, um bem estudado e testado programa de minimização.

UM POUCO DE TEORIA

Aprende-se nas escolas de prevenção de acidentes que as oportunidades de controle estão classificadas em: controle de pré contato, controle de contato e controle de pós contato. Para quem não está muito familiarizado com tais termos é importante deixar claro que nesta linha de raciocínio ACIDENTE é o resultado do contato com uma substância ou energia acima da capacidade limite do corpo humano. De forma grosseira poderíamos dizer aqui que também para os agentes mecânicos existe algo assim como uma série de limites de tolerância.

Na fase do pré contato desenvolvemos toda a ordem de coisas para evitar os riscos. Sem dúvida alguma, é a fase mais interessante, no entanto a experiência mostra que nem sempre é viável economicamente ou tecnicamente, em especial nos países em desenvolvimento.

Na fase do contato em si, reside boa parte do nosso trabalho. Toma-se por premissa que ocorrerá o contato do corpo humano com a substância ou fonte de energia e que devemos tomar ações para que estes contatos ocorram dentro dos limites suportáveis, seja reduzindo a intensidade da energia ou aumentando a capacidade do corpo humano através das medidas de proteção.

Segue-se então a preocupação e a fase de pós contato, onde nada mais faremos do que nos preocuparmos em diminuirmos a extensão das lesões ou perdas.

Importante notar que esta fase pode fazer muita diferença em certos casos de acidentes.

UM CASO INTERESSANTE

Tudo na vida é evolução!

Evolução é hoje ao andar pelas ruas notar que mesmo nas pequenas obras, já é possível ver operários utilizando segurança. Dentro das empresas então nota-se que a prevenção evoluiu e o número de mortes por quedas de diferentes níveis certamente diminuiu. Podemos afirmar assim, que neste caso ocorreu um processo de evolução. No entanto, não podemos parar aí: Evolução é algo continuo! Isso não é tudo.

PENSANDO NO DEPOIS

Dos locais de trabalho, sejam eles fixos ou temporários, tome por hábito perguntar-se: Se houver aqui um acidente ou ocorrer um mal súbito como irei socorrer esta pessoa? Em muitas vezes verá que a resposta cria uma situação embaraçosa; conheço diversos locais de trabalho onde existem os famosos mezaninos, em muitos deles são feitas operações que implicam em riscos e perigos. Estranhamente não há qualquer forma de acessar nestes locais mesmo que seja como uma maca portátil, visto que a mesa pode até entrar desmontada, mas depois de montada não terá como sair com a pessoa em cima dela.

Não é difícil imaginar que se não há nem mesmo como acessar os locais com equipamentos básicos, não há planejamentos para minimização.

Falemos então de algo mais simples e que consta com muita clareza em nossa legislação: primeiros socorros. Nos países desenvolvidos crianças sabem prestar primeiros socorros. Por aqui, raramente encontramos alguém que realmente entenda do assunto. Quem é do ramo sabe a importância da rapidez e da forma correta dos primeiros socorros. No mais trata-se do tipo de treinamento dos mais simples possíveis. Faltam mesmo um pouco de boa vontade. Muitas das tragédias que acompanhamos por toda a parte poderiam ser minimizadas se na comunidade as pessoas soubessem como proceder.

Dentro das empresas a realidade não é diferente.

Era sobre isso que gostaríamos de falarmos: em muitos programas de segurança falta ainda a fatia do minimizar as consequências. Não devemos desprezar o pós acidente, o pós contanto, e enxergar nele a possibilidade de estarmos agindo em prol do acidentando e da empresa. Gerenciando a realidade e as possibilidades com certeza minimizaremos as consequências.

Rafael Gustavo Mansani

Engenheiro Civil, pós graduado em Gestão Pública, Mestrando em Eng. De Produção e Segurança do trabalho.

José Aparecido Leal

Engenheiro civil; Engenheiro de Segurança do Trabalho; Pós-Graduado em: Eng. Sanitária e Ambiental; MBA de Gestão de Eng. de Segurança do Trabalho; Ergonomia; Administração Aplicada à Segurança do Trabalho.

Leia também: Por que a importância da capacitação dos funcionários nas empresas?, por Rafael Mansani e José Leal


Rafael Gustavo Mansani

Rafael Gustavo Mansani

Engenheiro Civil e de Segurança do trabalho, pós graduado em Gestão Pública, Mestrando em Eng. De Produção. Diretor Executivo do IPLAN-PMPG

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