A cidade de Ponta Grossa foi mencionada em um relatório da Polícia Federal (PF), com 884 páginas, sobre a suposta tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito em 2022. O documento, tornado público nesta terça-feira (26) após o ministro Alexandre de Moraes retirar seu sigilo, inclui o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 lideranças.
A investigação destaca que o ex-presidente teria atuado diretamente nos atos planejados para a ruptura institucional, embora não tenha obtido apoio das Forças Armadas.
O relatório cita a cidade em relação a Filipe Garcia Martins, ex-assessor da Presidência, preso em Ponta Grossa durante a Operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro de 2023. Filipe foi encontrado em um apartamento no Centro, que frequentava, mas afirmou não residir no município.
Segundo a PF, Filipe teria atuado para elaborar uma minuta golpista apresentada a Bolsonaro, aos comandantes militares e ao ministro da Defesa em dezembro de 2022. Durante buscas, passaportes do investigado não foram encontrados, sugerindo que ele evitava controle migratório.
De acordo com a PF, militares que rejeitaram a proposta de golpe foram cruciais para evitar sua execução. Os comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Baptista Junior, recusaram apoiar a ruptura, resistindo às pressões de Bolsonaro e de outros aliados.
O documento aponta que a proposta golpista foi apresentada em reunião no Palácio da Alvorada, em 7 de dezembro de 2022, mas não avançou devido à oposição das lideranças militares.Próximos Passos
O relatório foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se apresentará denúncia contra Bolsonaro e os outros indiciados pelos crimes apurados.
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