Uma grave denúncia de intolerância religiosa e cárcere privado chocou moradores de Ponta Grossa (PR) na noite da última quinta-feira (10). Segundo o relato, uma mulher que usava vestimentas sagradas de sua religião de matriz africana foi impedida de seguir viagem por um motorista de aplicativo, sendo mantida presa dentro do veículo junto a duas crianças. A vítima precisou quebrar o vidro do carro para conseguir sair.
O episódio, que ainda está sendo apurado, gerou forte repercussão e levou o vereador Guilherme Mazer e o babalorixá Hallison Mocelim, presidente da União das Religiões de Matrizes Africanas e Ameríndias de Ponta Grossa, a se manifestarem publicamente por meio de nota oficial, publicada nesta sexta-feira (11).
Confira a nota na íntegra:
NOTA PÚBLICA
Vereador Guilherme Mazer e Hallison Mocelim, Babalorixá e presidente da União das Religiões de Matrizes Africanas e Ameríndias de Ponta Grossa
Recebemos com perplexidade e indignação a denúncia de um caso de intolerância religiosa e cárcere privado ocorrido na noite de quinta-feira (10/04), em Ponta Grossa. Segundo o relato, uma mulher foi impedida de seguir viagem com um motorista de aplicativo em razão de sua vestimenta religiosa e, ainda, foi mantida presa no veículo com duas crianças, sendo obrigada a quebrar o vidro para conseguir sair.
Esse episódio não pode ser tratado como um caso isolado. Trata-se de mais uma expressão do racismo religioso que atinge, cotidianamente, pessoas de religiões de matriz africana em nosso país. É inaceitável que, em pleno 2025, alguém seja violentada, ameaçada e exposta ao perigo simplesmente por exercer sua fé e usar suas roupas sagradas.
Toda nossa solidariedade à vítima e às crianças que vivenciaram essa violência absurda. Exigimos que a investigação seja conduzida com rigor e que as devidas responsabilizações sejam feitas.
Reafirmamos, com veemência, que a liberdade de crença e de culto é um direito constitucional. Nenhuma religião pode ser motivo para discriminação ou violência. Seguiremos na luta para que Ponta Grossa seja uma cidade onde todas as fés sejam respeitadas, e onde o racismo — em todas as suas formas — não encontre espaço.
Seguiremos vigilantes. Intolerância religiosa é crime. Racismo é crime. Não aceitaremos retrocessos.
Guilherme Mazer
Vereador
Hallison Mocelim
Babalorixá e Presidente da União das Religiões de Matrizes Africanas e Ameríndias de Ponta Grossa
Investigação deve ser rigorosa
As autoridades locais ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o caso. A expectativa da comunidade é que as denúncias sejam apuradas com seriedade e que o responsável seja responsabilizado conforme a legislação brasileira.
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