A essência do ser humano está em se relacionar procurando criar vínculos em que se primazia a solidariedade, carinho, honestidade e a paz. No entanto, muitos não conseguem ter essa sorte e com isso acabam sendo hostilizados como a violência do colonizador, o genocídio dos povos indígenas, o saque das riquezas naturais, a violência da escravização dos povos africanos trazidos e tratados como animais selvagens, vendidos como objetos em pontos comerciais, proibidos de vivenciarem sua cultura, sua fé e sua religiosidade.
A violência existia muito antes da vinda dos europeus à América, a qual estava associada a chegada da civilização, compondo um cenário de pessoas que utilizavam-se de violência para disputar terra, adquirir algo e muitas das vezes para sobreviver.
A sobrevivência humana está atrelada, sobretudo, a ter que defender seu espaço, sua família e sua dignidade. Desde o tempo da colonização, a violência sempre esteve presente em nossa sociedade e hoje, ela é tida como destaque nos noticiários dos jornais, o qual tem demonstrado que, cada vez mais, pessoas se utilizam da violência para se afirmar como indivíduo pertencente do meio onde vive.
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Nessa perspectiva, a violência tem se erradicado para diversos lugares da nossa sociedade, chegando até nos ambientes escolares. Lugar este que era considerado por nós como um espaço seguro para aprender e se constituir como um cidadão. Mas será que essa violência na escola é recente?
Quando se trata da abordagem da violência na escola, a questão central é que este espaço pertence a sociedade, a qual é constituída de estudantes que vivem em diversos cenários de violência como: desnutrição infantil, fome, de não ter um teto sobre suas cabeças, desemprego familiar, entre outras situações. Nesse sentido, a violência que está na sociedade tem como raiz, principalmente, a violência relacionada à desigualdade social. Este cenário, de uma escola violenta, tem se tornado o grande mal dos últimos anos que nos ameaça e nos coloca em uma situação de desconfiança. Mas isso não é de hoje, com certeza você já deve ter ouvido histórias dos seus avós contando sobre os castigos que lhes eram impostos quando estudavam, como a palmatória, ajoelhar no milho, tudo isso acontecendo na escola como mecanismo de tortura institucionalizado. De lá para cá, muita coisa mudou, tanto no ensino público como no particular. Diante disso, cabe algumas reflexões: será que as pessoas no ambiente escolar são acolhidas ou expostas? Há segurança neste espaço? Todos são tratados de forma justa e igualitária?
A escola nem sempre foi um lugar 100% oportuno, amigável e acolhedor. Para isso, precisamos entender a diferença entre “violência na escola”, “violência à escola” e “violência da escola”. Enquanto a primeira tem a ver com atos cometidos por facções, disputa de gangues, brigas de bairro e invasões, a segunda refere-se a agressões contra os indivíduos pertencente a escola: docente, discente e demais funcionários como depredação da instituição, pichações entre outras situações; já a terceira tem a ver com atitudes racistas, preconceituosas, excludentes, agressões psicológicas e verbais efetuadas aos estudantes. Muitas dessas violências são resolvidas nos ambientes escolares, pois é neste lugar, que há uma maior diversidade de pessoas, tendo que conviver em um mesmo espaço por diversas horas.
Há muitos pesquisadores da área afirmando que a violência escolar provém de atitudes praticadas por todos os membros pertencentes a este espaço. Isso ocorre devido a “presença de gangues nos bairros, alto índice de pobreza, agressividade, bem como o uso de armas dentro da escola”, afirma Ellery Henrique Barros da SilvaI e Fauston NegreirosII, pesquisadores da área. Por isso, a violência tem aumentado significativamente, pois há uma grande dificuldade, sobretudo, por parte dos estudantes, de resolverem seus conflitos através do diálogo. Dessa forma, cabe um maior interesse do poder público em investir mais na educação, criando ações para aproximar as famílias do ambiente escolar. A falta de diálogo e de espaços democráticos, de existir uma precarização do trabalho, uma insatisfatória formação continuada, são exemplos de formas de violências que poderão desencadear em situações mal resolvidas dentro da escola. Se a escola está preparada para resolver isso e não sabe como fica difícil minimizar esse problema e até mesmo resolvê-lo.
Nesse sentido, falar de violência escolar fica muito abrangente, ainda mais que hoje em dia com a internet, isso tem se propagado e expandido de forma incontrolável, o que evidencia um agravante para uma violência nos espaços extraescolares. Cabe salientar, que a escola enquanto instituição de saberes tem se tornado palco para a prática de violência partindo das crianças, jovens, adolescentes e adultos o que pode danificar as identidades sociais desses indivíduos trazendo como consequências irreversíveis as interações sociais. Por isso, a escola ao colocar o estudante como protagonista nas decisões escolares, através de grêmios estudantis e conselhos escolares pode reduzir satisfatoriamente a violência neste ambiente, pois estes estarão participando democraticamente das decisões e melhorando sua capacidade de se relacionar entre si.
Assim, podemos refletir que a violência nas escolas não tem acontecido de forma isolada e sim é um ato que pode estar relacionado a outros fatores sociais, devendo ser analisado de forma conjunta e contextualizada.