O ponto alto da pesquisa na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Assim foram os últimos três dias (05, 06 e 07) na instituição. O 33º Encontro Anual de Iniciação Científica (Eaic) celebrou os mais de 517 trabalhos submetidos, 926 ouvintes e pesquisas de destaque. Com sorriso no rosto, os pesquisadores mostraram que estão prontos para embarcar no mundo da ciência.
O Eaic acontece sob responsabilidade da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp) e envolve a graduação, pós-graduação, orientadores, docentes, além dos estudantes do Ensino Fundamental e Médio. O evento encerrou nesta quinta-feira, com premiação de 1º, 2º e 3º lugares em oito grande áreas de conhecimento.
É a segunda vez que Safira Pereira conquista o Prêmio Destaque em Ciências Sociais Aplicadas. Embora o reconhecimento não seja novidade, a estudante de Serviço Social não deixa de se sentir emocionada. “Esta pesquisa eu fiz concomitante ao meu TCC e veio de um processo de estágio, então foi preciso muito fôlego e dedicação, mas a compensação ao final fez tudo valer a pena”, conta. Safira pesquisou a territorialidade de saúde e assistência em Ponta Grossa. “Nossa área debate principalmente as políticas públicas, então pensar neste tema numa perspectiva interterritorial é muito importante”. Ao lado dos colegas e professores, ela foi uma das que comemorou a premiação com abraços e sorrisos.
Thayná Justus recebeu o primeiro lugar com a sua pesquisa sobre manifestações bucais da Covid Longa na população adulta de Ponta Grossa, na área de Ciências da Saúde. A emoção de receber o certificado veio com a torcida da mãe, que estava na plateia, emocionada. “Receber este prêmio é fechar com chave de ouro, foi uma grande honra apresentar os resultados da minha pesquisa, representando o grupo que trabalhou durante meses as manifestações de doenças crônicas ocasionadas pela infeção da Covid-19”, explica. Abraçada com a filha após a premiação, Adriana Justus disse estar muito feliz com a conquista da filha. “Vi o quanto ela se dedicou, ligando para as pessoas, fazendo a pesquisa, então o sentimento é de um grande orgulho”.
A edição de 2014 veio com novidades. Além da gratuidade da inscrição para os apresentadores, o 33º Eaic também chegou de cara nova, com nova arte de divulgação e companha com alunos da instituição, produzidas pela Coordenadoria de Comunicação (CCom), a pedido da Propesp.
CICLO DE OURO- Para o Prêmio Destaque em Iniciação Científica da UEPG, foram 44 trabalhos inscritos, que concorreram nas áreas de conhecimento do CNPq – Ciências Exatas e da Terra; Engenharias; Ciências Agrárias; Ciências Biológicas; Ciências da Saúde; Ciências Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; e Linguística, Letras e Artes. A programação ainda iniciou com uma palestra sobre as relações entre inteligência artificial e pesquisa científica, ministrada pelo professor Ricardo Pereira, doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC.
A diretora de pesquisa da Propesp, professora Bárbara Fiorin, ressalta a importância de se trazer um tema tão atual como a IA para o Eaic. “É um assunto interessante e ainda muito polêmico, mas que vale trazermos para o debate e vermos as diferentes perspectivas”. O Eaic valoriza a ciência no âmbito da pesquisa, segundo Bárbara. “Nosso objetivo é ter cada vez mais pessoas envolvidas, mais professores trabalhando e mais alunos participando. A gente percebeu também a grande participação das famílias, que vieram ver seus filhos apresentando, e isso só mostra o quanto a Universidade é para comunidade, e essa proximidade valoriza a ciência”, enfatiza.
PRIMEIRO CONTATO COM A PESQUISA- Das mais de 500 apresentações de trabalho, 42 foram de Pibic-Jr. A modalidade é voltada a estudantes do Ensino Médio ou Profissionalizante, que embarcam no mundo da pesquisa antes mesmo de entrar na graduação. As apresentações desses estudantes ocorreram nos corredores da Central de Salas, com direito à explicação expositiva dos resultados alcançados. João Augusto Silva Moreira, estudante do Colégio presidente Kennedy, nunca imaginou que seria tão legal atuar num Laboratório de Química. “Achava que era algo muito difícil, muito longe da realidade conseguir entender, mas agora que tive a oportunidade de conhecer de perto, mudei minhas ideias e considero até trabalhar na área de química”.
O bolsista de Pibic Jr trabalhou com produção de biodiesel, a partir de óleo de cozinha usado. “Quando entrei no laboratório, começaram a me explicar como fazer e eu comecei a colocar a mão na massa. Os professores sempre me auxiliavam, tiveram todo o cuidado, mas também me deram a liberdade de eu mostrar as minhas ideias e fazer o projeto conforme eu queria”, ressalta. Para João, a experiência do Pibic fecha com chave de ouro no Eaic.
Os corredores estavam cheios: preenche cadastro, pega a credencial, as bolsas, o kit lanche, confere o número das salas e se prepara para a apresentação. Mesmo a participação no Eaic de alunos vinculados aos Programas de Iniciação Científica (Pibic e Bic) e Programa Voluntário de Iniciação Científica (Provic) sendo obrigatória, o frio na barriga permanece o mesmo. Letícia Oliveira de Paula, acadêmica de Agronomia, já está no seu segundo Eaic e destaca a importância de participar da Iniciação Científica para a inserção no âmbito da ciência. “É um primeiro contato com a pesquisa. Eu mesma consegui conhecer vários laboratórios, outros professores e diferentes área da Agronomia por conta da minha pesquisa Pibic. Então, eu sempre incentivo colegas a participarem desta modalidade, pois é um primeiros contato com a pesquisa”.
EM DEFESA DA CIÊNCIA- O vice-reitor da UEPG, professor Ivo Mottin Demiate, sabe muito bem o que é ter este primeiro contato com a pesquisa já na graduação. Quando ainda era aluno de Agronomia, ele participou do primeiro Eaic, em 1991. “Sei da transformação trazida pelo desenvolvimento de pesquisas na graduação. Olho para vocês [alunos] e vejo outras vidas que podem ser transformadas”, disse no evento de abertura. Para ele, a iniciação científica abriu as portas para a vida acadêmica. “Nosso maior capital são os cérebros que fazem o que há de melhor da ciência no Brasil”.
Devido à expansão das atividades de pesquisa nas instituições estaduais de ensino, cada universidade, desde 2015, coordena e realiza seu próprio evento. Na noite terça-feira (05), o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor Renê Hellman, fez uma defesa apaixonada da ciência, contra o negacionismo. “A ciência e razão venceram. Podemos usar tudo o que está apodrecendo a vida para construir um mundo melhor. Conclamo vocês para se aliarem ao inconformismo e construir um mundo que salva a si mesmo. O conhecimento há de imperar”. Segundo ele, o 33º Eaic foi uma grande festa de jovens cientistas. “Temos visto crescer o número de participantes e de trabalhos apresentados, o que indica que o investimento na iniciação científica gera resultados positivos”.
Para o próximo ano, o planejamento é uma participação ainda maior de estudantes e docentes, segundo o pró-reitor. “Os pesquisadores do CNPq, que compuseram o comitê externo de avaliação dos trabalhos apresentados nas várias áreas do conhecimento, destacaram a qualidade das pesquisas realizadas. E isso é motivo de grande orgulho. Temos na UEPG um potencial científico relevante, fruto do trabalho comprometido dos nossos docentes e estudantes”, finaliza.
As informações são da UEPG.
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