A Comissão Especial de Investigação (CEI) da Câmara Municipal de Ponta Grossa (CMPG), que apura supostas irregularidades no Contrato 189/2008 e seu 36º aditivo com a empresa Ponta Grossa Ambiental (PGA), responsável pela coleta de lixo no município, ouviu nesta sexta-feira (16), os engenheiros agrônomos Isabel Meister e Nelson Calderari, servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Durante a oitiva, a engenheira Isabel Meister revelou que o digestato — subproduto da Usina de Compostagem — não é adequado para uso no paisagismo urbano, conforme previa cláusula contratual. “Além do cheiro muito forte, a gente percebeu que o digestato estava queimando as plantas, fazendo com que descartássemos o uso dele nas plantas do paisagismo”, relatou Isabel. Ela ainda afirmou que solicitou a retirada da cláusula do contrato. “Eu pedi a exclusão porque o digestato não serve para o paisagismo. Pode até ser útil na agricultura, mas para nós não tem aplicação porque prejudica as plantas”, explicou. O presidente da CEI, vereador Professor Careca (PV), informou que a cláusula segue em vigor.
Em seguida, foi ouvido o engenheiro agrônomo Nelson Frederico Accioly Calderari Junior, antigo gestor do 91º aditivo do mesmo contrato. Ele foi responsável por incluir, no 36º aditivo, a cláusula referente à coleta de digestato, que resultou na locação de um caminhão pela PGA. Questionado sobre a real necessidade do veículo, ele afirmou: “Eu tive conhecimento, através da fiscal Glaristani à época, de que as lagoas na Usina estavam operando próximas da capacidade máxima, sendo necessário que o município adquirisse um caminhão que pudesse fazer essa coleta, evitando que as lagoas transbordassem e causassem danos ambientais”, respondeu o engenheiro.
Nelson também afirmou que não fez questionamentos sobre os valores do contrato. “Confiei nos colegas de que tudo estava certo. Quando o caminhão começou a operar na cidade eu já não era mais o gestor do contrato, então nunca nem o vi pessoalmente”, declarou.
Ao final da oitiva, o vereador Professor Careca apresentou um estudo da Comissão, que aponta que a Prefeitura gasta mensalmente quase R$ 73 mil com a locação do caminhão, valor que poderia ser revertido na compra de um veículo próprio. “Encontramos caminhões 0 km com valores entre R$ 280 mil e R$ 700 mil. Ao final desse contrato, Ponta Grossa terá desembolsado mais de R$ 10 milhões. Isso é inadmissível”, criticou o parlamentar.
O 91º aditivo do Contrato 189/2008 foi publicado no Diário Oficial do Município em 9 de novembro de 2023, edição nº 3.724.
Novos depoimentos agendados
Ainda nesta sexta, a CEI deliberou pela convocação de novas oitivas. Devem ser ouvidos na próxima terça-feira (20), a partir das 14h, o deputado estadual e ex-prefeito Marcelo Rangel (PSD) e o ex-procurador geral do município João Paulo Vieira Deschk. Ambos já haviam sido convidados anteriormente, mas não compareceram.
Leia mais: Família chega para enterro e é forçada a abrir sepultura e remover restos mortais em Castro