Na safra 2023/2024, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), gerou perdas significativas tanto no Brasil quanto na vizinha Argentina. Por aqui, a praga reduziu drasticamente a produtividade em diversas regiões, causando impactos expressivos, afetando diretamente o rendimento dos produtores e a oferta do grão no mercado.
As regiões mais atingidas foram o Sul, o Centro-Oeste e algumas áreas do Sudeste, onde as condições climáticas favoreceram a proliferação do inseto. O problema tem sido mais severo nas lavouras com plantio tardio, onde a infestação atinge níveis críticos.
O plantio do milho no País safrinha desta safra já chega em 35,7% segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, (Conab) e mesmo com o número nem na metade, já há relatos de produtores sobre a pressão do inseto nas áreas. De acordo com a engenheira agrônoma, Victória Corrêa, da AGTech Sima, a cigarrinha é um vetor de doenças que levam ao enfezamento do milho, reduzindo o potencial produtivo das plantas e comprometendo a qualidade dos grãos colhidos.
O inseto é uma ameaça crescente no País, porém, foram nas safras mais recentes que o problema se agravou. “Nos últimos anos, os produtores tiveram prejuízos consideráveis, e nesta safra a preocupação é ainda maior devido ao histórico recente de altas perdas e situação climática favorável em inúmeras regiões produtoras”, destaca a especialista.
Por isso, segundo a engenheira agrônoma, a safra atual será marcada por um aumento da preocupação dos agricultores e também com o cuidado referente ao manejo. “No ano passado, muitos produtores tiveram dificuldades na colheita da safrinha por conta das infestações e alta população da invasora. Frente a isso, observamos que neste ano, eles estão mais preparados, cautelosos e atentos, principalmente ao monitoramento”, explica Victória.
Cenário das infestações
Além do Brasil, a cigarrinha-do-milho tem causado prejuízos também na Argentina. Na safra 2023/24 as perdas causadas por doenças geradas por ela foram estimadas em cerca de 1,3 bilhão de dólares, segundo informações da Bolsa de Cereais de Rosário. “Os produtores argentinos enfrentam desafios semelhantes, mas têm investido em estratégias diferenciadas, como um maior uso de híbridos resistentes e manejo integrado mais rigoroso. Esse conhecimento pode ser aplicado no Brasil para aprimorar as táticas de controle”, comenta Victória.
Monitoramento e estratégias de controle
Diante desse cenário desafiador, a Sima, em parceria com a Bayer, desenvolveu o Esquadrão de Combate à Cigarrinha, uma rede de monitoramento que permitiu acompanhar a incidência do inseto em tempo real, foram milhares de armadilhas monitoradas, tendo análises em tempo real da incidência do inseto por região, gerando relatórios para os produtores, consultores e vendedores. “Hoje, a melhor estratégia contra a cigarrinha é um manejo de qualidade desde os estágios iniciais da planta, aliado a um monitoramento preciso. O Esquadrão tem sido fundamental para tornar essas informações acessíveis e eficazes”, afirma a profissional.
A parceria também inclui um aplicativo inovador, que facilita o registro das armadilhas, a análise do estádio fenológico das lavouras e a avaliação da infestação da cigarrinha. Com o uso da tecnologia, os produtores podem planejar melhor o manejo e escolher os insumos mais adequados para proteger suas plantações. Além disso, o monitoramento do milho tiguera, que serve como refúgio para a cigarrinha, foi incorporado à ferramenta, garantindo um controle mais eficiente da praga.
Perspectivas e inovações para o futuro
O monitoramento da cigarrinha tem mostrado novas tendências nesta safra. Tem se observado que, além da alta incidência no Brasil, a Argentina também enfrenta desafios semelhantes, exigindo novas abordagens para controle. “Verificamos também que a cigarrinha tem demonstrado um comportamento de adaptação nas lavouras, e com o monitoramento mais intenso o objetivo é trazer informações mais precisas para que os produtores possam agir mais rapidamente”, explica a especialista da Sima.
A expectativa é que a iniciativa continue crescendo e se torne a maior rede de monitoramento do inseto na América Latina. “A colaboração entre empresas, produtores e pesquisadores é essencial para garantir que os avanços tecnológicos e as estratégias de manejo sejam eficazes”, completa Victória.
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