No dia 16 de agosto, durante uma coletiva de imprensa, representantes do governo da China não confirmaram a suspensão das compras de aeronaves da Boeing por parte das companhias aéreas chinesas, conforme reportado anteriormente pela Bloomberg. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, desviou a atenção do tema ao enaltecer a Embraer e reafirmar a intenção de Pequim em fortalecer os laços comerciais com o Brasil.
“É fundamental destacar que o Brasil é um país de grande relevância na aviação. A China valoriza imensamente a cooperação prática com o Brasil em diversos setores, incluindo a aviação”, declarou Lin Jian ao se referir à colaboração entre as duas nações.
Além disso, o representante chinês expressou satisfação ao observar que as companhias aéreas do país asiático estão engajadas em colaborações significativas com o Brasil, sempre respeitando os princípios de mercado. Tais afirmações foram vistas como um indicativo positivo para a Embraer, que há aproximadamente dois anos busca, com apoio do governo brasileiro, concretizar um contrato para a venda de cerca de 20 jatos a uma companhia aérea regional da China. Apesar das negociações e dos esforços diplomáticos — que incluíram visitas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros à Ásia — o acordo ainda não foi finalizado.
Na véspera da coletiva, as ações da Embraer tiveram um desempenho notável na Bolsa de Valores de São Paulo, refletindo a expectativa de que um possível recuo chinês em relação à Boeing poderia beneficiar a fabricante brasileira.
No mesmo evento, Lin Jian também abordou críticas feitas pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, durante uma visita à Argentina. Bessent descreveu os investimentos chineses em países emergentes como “vorazes”. O porta-voz chinês respondeu afirmando: “As declarações do funcionário americano foram proferidas na América Latina. É importante ressaltar que a China estabelece uma cooperação prática com as nações latino-americanas e caribenhas baseada no respeito mútuo e na busca por benefícios recíprocos. Essa abordagem tem contribuído significativamente para o desenvolvimento socioeconômico desses países e sido amplamente reconhecida e elogiada por eles”.
Lin Jian criticou ainda o histórico dos Estados Unidos na região: “A intimidação e as práticas exploratórias dos EUA deixaram marcas profundas na América Latina; portanto, eles não têm autoridade para criticar a colaboração entre a China e os países da região”.
A embaixada chinesa em Buenos Aires também se manifestou sobre as declarações de Bessent, classificando-as como uma “calúnia maliciosa”. Este incidente ressalta a crescente competição entre Pequim e Washington pela influência na América Latina, onde o Brasil desempenha um papel crucial na aproximação com a China, especialmente nos setores estratégicos como o da aviação civil.
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