O Palácio do Planalto foi pego de surpresa com o anúncio feito por Hugo Motta, deputado do Republicanos da Paraíba, que decidiu pautar para esta quarta-feira (25/6) a votação de um projeto de decreto legislativo visando a derrubada do decreto que alterou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A decisão, anunciada na noite anterior, gerou reações entre os membros do governo, que atribuíram parte da responsabilidade ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A ação de Motta chamou a atenção tanto do governo quanto das lideranças da oposição, uma vez que o deputado havia dado ao governo um prazo para apresentar alternativas antes de tomar uma decisão tão significativa. Integrantes da Secretaria de Relações Institucionais, liderada por Gleisi Hoffmann, analisaram que o movimento pode estar vinculado a comentários feitos por Haddad em uma entrevista à TV Record na mesma noite.
Durante a entrevista, o ministro criticou um projeto de lei que propõe aumentar o número de deputados na Câmara dos 513 atuais para 531. Essa proposta já havia sido aprovada pela Câmara e estava agendada para votação no Senado nesta quarta-feira. Em suas declarações, Haddad afirmou: “Nenhum aumento de gasto é bem-vindo”, posicionando-se contra iniciativas que possam comprometer a saúde fiscal do país.
Assessores próximos a Gleisi Hoffmann expressaram preocupação com a postura do ministro, afirmando que ele deveria adotar uma abordagem mais conciliadora ao invés de provocar descontentamento entre os parlamentares em um momento crucial para a aprovação de pautas essenciais ao governo. “Ele precisa ser um apaziguador, não um incendiário”, declarou um assessor próximo ao Planalto.
Em resposta às especulações sobre a relação entre sua fala e a decisão de Motta, Haddad se mostrou cético. “A conexão entre meus comentários e a decisão do deputado não faz sentido. Eu apenas destaquei que não deveríamos assumir novos gastos enquanto a Selic estiver em 15% ao ano”, afirmou o ministro.
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