Coluna

Jürgen Klopp vs. a realidade dos “mortais” trabalhadores, por Roberto Ferensovicz

Na coluna deste domingo, Roberto Ferensovicz faz uma comparação da demissão de Jürgen Klopp, que diz estar cansado, com os trabalhadores brasileiros

Para quem, assim como eu, acompanha o noticiário do futebol ficou surpreso com a decisão do técnico do Liverpool da Inglaterra Jürgen Norbert Klopp, o qual informou que  no final da atual temporada irá deixar o comando do time inglês. Até aí nada surpreendente, diversos técnicos tomam essa decisão, em especial para aqueles como é o caso do técnico alemão que está há mais de oito anos à frente dos ‘Reds’.

Mas o que chama a atenção é o motivo da decisão, em sua entrevista Klopp diz que não tem mais condições de tocar a equipe, pois está sem energia, que não consegue dar mais o que o clube precisa.

Se um treinador de futebol que ganha mais de 8 milhões de reais por mês está cansado, estafado, sem energia aos 56 anos de idade, pense um professor que terá que trabalhar diariamente com 30, 35 ou até 40 alunos diariamente, imagina um profissional da enfermagem que trabalha numa UTI e que convive com a dor e a morte diariamente.

Esses dois profissionais que perderam recentemente (com a reforma da Previdência) o direito à aposentadoria especial, embora a lei ainda a cite, mas na prática ela não existe, terão que trabalhar nestes ambientes os 60 anos mais ou menos.

Claro que estes são “apenas” dois exemplos, mas pode citar mais alguns trabalhadores da construção civil, dos canaviais, trabalhadores braçais, diarista, que são outros exemplos de quem trabalha no serviço pesado diariamente os quais nem sonham em se dar ao luxo de “dar um tempo” no trabalho porque estão exaustos e estressados. 

Muitos destes nem direito a férias tem, ou então como nos casos da Educação e Saúde (citados acima) onde o índice de doenças mentais é bem elevado, pois muitos não conseguem sequer um afastamento temporário para tratarem a sua saúde.

Portanto essa notícia me fez refletir e queria trazer isso a vocês, o quanto temos uma inversão de valores em nossa sociedade, vi muitos comentaristas esportivos falando que realmente o mundo do futebol cobra muito, que o ambiente é muito desgastante, isso é sinal de que realmente não devem ter contado com o mundo real, com o mundo dos pobres (literalmente) seres humanos.

Não que no mundo dos esportes não haja trabalhadores que correm diariamente atrás do prejuízo, aliás, esses são a maioria, esses salários milionários que vemos por aí, são as exceções, no futebol e principalmente nos outros esportes que não tem tanto destaque, temos milhões de exemplos o quanto há de injustiça nos valores pagos, uns ganham milhões por mês, outros demoraram uma vida inteira para acumular este valor, desde que não gastassem nenhum centavo para pagar as suas contas.

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Roberto Ferensovicz

Roberto Ferensovicz

Servidor público municipal há 28 anos. Vice-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ponta Grossa (SindServ-PG)

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