Em jantar com empresários e políticos nos Estados Unidos, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou na segunda-feira (12) que a direita brasileira “não pode ser pensada” sem a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O encontro aconteceu em Nova York, onde o governador também comentou sobre o atual cenário político nacional e as projeções para as eleições presidenciais de 2026.
Apesar de considerar que ainda é cedo para discutir nomes para o próximo pleito, Tarcísio ressaltou que, caso Bolsonaro permaneça inelegível até 2030 — como determina a decisão do Tribunal Superior Eleitoral — será essencial que ele indique um nome de confiança para representar a direita. “O papel de Bolsonaro é central, mesmo se não puder disputar. A definição de um sucessor caberá a ele”, declarou.
O governador também defendeu a criação de um projeto que conceda anistia a pessoas acusadas de envolvimento em atos considerados conspiratórios ou golpistas, especialmente os relacionados ao 8 de janeiro de 2023. Tarcísio voltou a propor que facções criminosas sejam enquadradas como organizações terroristas, tema que ganhou força após recentes visitas de representantes do governo norte-americano ao Brasil, incluindo aliados do ex-presidente Donald Trump. A proposta, no entanto, não encontra apoio na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se opõe à reclassificação.
As declarações de Tarcísio ocorrem em meio a uma nova movimentação no campo da direita brasileira, especialmente após o ex-presidente Michel Temer (MDB) defender a união de nomes de centro-direita para 2026, sem mencionar Bolsonaro ou sua esposa, Michelle Bolsonaro. Em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, Temer revelou ter conversado com governadores “muito dispostos” a articular essa frente alternativa.
A fala gerou reações imediatas entre bolsonaristas. O pastor Silas Malafaia, aliado de longa data de Bolsonaro, rebateu Temer e destacou o nome de Michelle como principal alternativa do grupo conservador. “Se existe uma articulação para um candidato da direita, caso o vergonhoso impedimento de Bolsonaro persista, o senhor esqueceu do candidato mais bem avaliado na pesquisa depois de Bolsonaro. Michelle! Ela reúne os votos dos bolsonaristas, direita, mulheres e evangélicos”, afirmou Malafaia.
A disputa por protagonismo dentro do campo conservador brasileiro deve se intensificar nos próximos meses, com Tarcísio de Freitas despontando como um dos nomes mais fortes ligados a Bolsonaro, mas enfrentando resistência de setores que preferem outras alternativas, como a ex-primeira-dama Michelle. Enquanto isso, a direita segue tentando se reorganizar diante da ausência do ex-presidente nas urnas.
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