Um universo repleto de poesia e romance, de aventura e de magia. É assim que, literalmente, a história do Pegaí Leitura Grátis vem sendo escrita e contada ao longo de uma década de existência.
Neste mês o Pegaí completa 10 anos e não é redundância afirmar que a sua trajetória foi construída e consolidada com o apoio e trabalho de muitas pessoas apaixonadas por leitura. A ideia de fazer os livros circularem e não deixá-los guardados nas estantes, privados de serem lidos nasceu a partir de uma reportagem inspiradora. Foi após assistir a matéria, que o professor universitário Idomar Cerutti formatou o projeto. E deu certo.
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Hoje já como entidade jurídica, o Instituto Pegaí Leitura Grátis ultrapassou a marca de meio milhão de livros circulando pelas mãos de leitores e caminha rumo aos 600 mil exemplares de livros em seu acervo. Mas o Pegaí é muito mais que isso. “Entendemos que o trabalho do Instituto vai além do que disponibilizar livros, é um trabalho de mudar a forma das pessoas pensarem em relação à posse dos livros. Costumo falar que o Pegaí tem um conceito de posse coletiva, porque o livro que é do Pegaí não é de ninguém e, ao mesmo tempo, ele é de todo mundo. Se você tem um livro do Pegaí na sua casa, ele não é seu, ele é do Pegaí. Então, em algum momento, a ideia é que você se incomode ou alguém se incomode com você e com o livro que está na sua estante, fazendo você devolver e o livro circular”, explica o professor.
Tão importante quanto a missão de aproximar livros sem leitores de leitores sem livros é o trabalho do voluntariado. De lá pra cá, mais de 400 pessoas ajudaram a construir a história do projeto, contribuindo com algum tipo de trabalho. Atualmente, cerca de 140 voluntários estão envolvidos diretamente com o Pegaí. São pessoas que no vai e vem das suas vidas investem tempo para fazer o negócio caminhar. “Eles sabem como a leitura pode impactar a vida de toda uma sociedade. Por isso correm para preparar os livros, depois correm para repor os livros nas Estantes Pegaí, participam de mutirões, enfim, é um trabalho que envolve muita dedicação e é fundamental para o processo acontecer”, ressalta Cerutti, que também é presidente do Instituto.
A voluntária Andréia Valentini é uma dessas pessoas que bota a mão na massa porque acredita na causa. “Ser voluntária no Pegaí é ser empático e minorar a desigualdade que só se concretiza diante das oportunidades fornecidas de forma igualitária, é acreditar numa sociedade melhor, que se forma diante da educação, leitura e através do conhecimento adquirido. Enfim, é fazer sua parte com amor e sonhar com a esperança que as mudanças sociais se efetivem”.
O trabalho voluntário é tão importante, que foi graças a ele que o Pegaí Leitura Grátis alcançou novos voos e hoje está presente em 16 cidades do Paraná. Ao todo, o projeto já contabiliza 67 Estantes Pegaí e 156 pontos de coleta de livros. Além disso, foi possível implantar e manter outros projetos dentro do Instituto. Como o Hospital de Livros, que desde 2016 atua na recuperação de livros, por meio do trabalho de restauradores.
O projeto começou na Penitenciária Estadual de Ponta Grossa (PR) e, em 2021 foi transferido para a Comunidade Terapêutica Rainha da Paz em Carambeí (PR). Em sete anos, mais de oito mil livros foram restaurados e disponibilizados nas Estantes Pegaí. Outro projeto é o Alimentando Mentes, que surgiu em meio a pandemia com o objetivo de “abrir o apetite das pessoas pela leitura”. Nele, livros novos são disponibilizados junto com alimentos servidos e entregues por escolas, instituições e iniciativa privada para famílias em vulnerabilidade social.
Somente no Alimentando Mentes mais de 118 mil livros já foram disponibilizados em kits de alimentos. São livros infantis e infantojuvenis que são disponibilizados para famílias como forma de distração, entretenimento, incentivo e fomento ao hábito de ler. Pelo projeto Alimentando Mentes, o Instituto recebeu Menção Honrosa no Prêmio Sesi ODS 2021, na categoria Organização da Sociedade Civil. Anteriormente, foi finalista do Prêmio Jabuti em 2019, no Eixo Inovação, categoria Fomento à Leitura e, finalista no 1º Prêmio Candango de Literatura em 2022, na categoria incentivo à leitura.
Quem também é parte integrante da trajetória do projeto é a iniciativa privada. As empresas amigas do Pegaí são peças fundamentais que ajudam a construir a história do projeto. Basicamente, elas entenderam a importância de investir em ações sustentáveis e ajudam o Pegaí com o que podem. A Quiver, uma das empresas a abraçar a causa, acredita no poder transformador da leitura. “Acreditamos no desenvolvimento da sociedade como um todo, e a leitura é uma ferramenta fundamental para este desenvolvimento. Muito mais do que ser incentivada, a leitura precisa ser acessível para que este desenvolvimento aconteça e, por isso, tivemos uma conexão instantânea com o projeto, que, assim como nós, também abraça esse propósito para a construção de um mundo melhor”.
Outro aporte fundamental chega por meio da doação de cupons fiscais através da campanha “Transforme seu cupom sem CPF em Leitura”, pelo programa Nota Paraná. Os cupons são doados por pessoas físicas nestas empresas e destinados ao Pegaí. Com esse incentivo, milhares de livros são disponibilizados para os leitores.
A parceria entre editoras, escritores e ilustradores que cedem os direitos de impressão de livros para o Instituto Pegaí Leitura Grátis vem crescendo exponencialmente. Através do movimento da Fantástica Fábrica de Livros, que une todos os envolvidos na cadeia de produção de livros, o Pegaí tem alcançado cada vez mais pessoas e levado muitas histórias a cada uma delas. Uma vez que, esse movimento possibilita imprimir grandes tiragens de livros, disponibilizando leitura gratuita a milhares de leitores. A escritora Célia Cris Silva já teve livros estampados nas Estantes Pegaí.
Ela é parte também desse movimento. “O projeto vai muito além do que uma doação massiva de livros, pois ele promove a leitura. É uma honra ter meus livros selecionados pelo Pegaí. Agora eles chegam a uma quantidade incrível de leitores. Isso para mim é uma realização. Como escritora, quero ser lida, quero que minhas narrativas alcancem o maior número possível de leitores e isso é uma realidade graças a esse projeto fantástico”.