No Brasil, os profissionais que escolhem seguir esse caminho enfrentam uma jornada de formação longa e, posteriormente, uma realidade repleta de desafios estruturais, emocionais e técnicos. Conversamos com o neurocirurgião Dr. Rodolfo Carneiro, fundador da clínica Coluna e Neuro, para entender como é exercer a neurocirurgia no país e quais os pontos críticos que a especialidade enfrenta.
A formação de um neurocirurgião: uma maratona
Dr. Rodolfo Carneiro se formou em medicina pela Universidade Federal do Piauí e, desde cedo, sentiu o chamado para atuar em uma das áreas mais desafiadoras da medicina. “A neurocirurgia exige muito mais do que conhecimento. Requer equilíbrio emocional, capacidade de lidar com pressão e um compromisso inabalável com o paciente”, explica.
Após sua formação inicial, Rodolfo Carneiro seguiu para a residência médica em neurocirurgia no Conjunto Hospitalar do Mandaqui, em São Paulo. Ali, viveu de perto a complexidade do sistema nervoso e passou a desenvolver especial interesse nas patologias da coluna vertebral.
Desafios da prática clínica
Infraestrutura e desigualdade regional
Um dos maiores desafios apontados por Dr. Rodolfo Carneiro é a desigualdade de acesso à infraestrutura necessária para a realização de procedimentos de alta complexidade. “Nas grandes capitais, temos acesso a equipamentos modernos como microscópios cirúrgicos e neuronavegadores. Mas a realidade muda drasticamente quando olhamos para cidades do interior ou regiões mais afastadas”, afirma.
Dr. Rodolfo relembra que, em muitas ocasiões, colegas de profissão precisam improvisar, adaptar técnicas ou mesmo transferir pacientes para outros centros por falta de condições mínimas. “Isso não apenas compromete o resultado da cirurgia, mas também a segurança do paciente”, diz.
Carga emocional e sobrecarga física
Além dos desafios estruturais, a carga emocional é um fator constante. “Tomar decisões sob pressão, lidar com famílias em estado de desespero, encarar casos com prognóstico grave… tudo isso impacta nossa saúde mental. E nem sempre temos espaço para falar sobre isso”, compartilha o Dr. Rodolfo.
O neurocirurgião destaca que a jornada de trabalho costuma ser longa e intensa. “Não é incomum passar mais de 10 horas em uma única cirurgia. E isso, aliado à rotina ambulatorial e plantões, exige muito do corpo e da mente.”
Atualização constante: um compromisso com a excelência
Com mais de 15 anos de experiência e diversos cursos internacionais no currículo, como no Wooridul Spine Hospital (Coreia do Sul) e Hospital Maria-Hilf (Alemanha), o Dr. Rodolfo Carneiro reforça a importância da formação continuada.
“A medicina muda rápido. Hoje temos técnicas minimamente invasivas que proporcionam recuperação rápida e menor trauma para o paciente. Mas isso exige que o profissional esteja sempre aprendendo. Se você para, fica para trás”, enfatiza Rodolfo Carneiro.
Na clínica Coluna e Neuro, onde atua ao lado de uma equipe multidisciplinar, o Dr. Rodolfo aplica essas técnicas em pacientes com diferentes patologias da coluna. “Meu objetivo é oferecer o que há de mais moderno com um atendimento humanizado, que respeite o tempo e a história de cada paciente.”
Validação, reconhecimento e futuro
Falta de reconhecimento da especialidade
Apesar da alta complexidade da neurocirurgia, Dr. Rodolfo Carneiro acredita que ainda há um certo distanciamento entre a população e a compreensão da especialidade. “Muita gente ainda confunde neurocirurgião com neurologista. Nosso trabalho é cirúrgico, lidamos com emergências, traumas, tumores e doenças degenerativas. A população precisa entender melhor nosso papel.”
Rodolfo Carneiro também observa que, mesmo entre profissionais de saúde, muitas vezes o neurocirurgião é acionado tardiamente, o que pode comprometer a evolução dos casos. “Às vezes, quando o paciente chega até nós, a condição já está muito agravada. Isso poderia ser evitado com um encaminhamento precoce.”
O futuro da especialidade
O Dr. Rodolfo acredita em um futuro mais integrado, com maior uso da tecnologia e com a neurocirurgia ganhando cada vez mais reconhecimento. “Vejo um caminho de colaboração entre especialidades, maior acesso à formação de qualidade e, principalmente, mais informação para os pacientes.”
Para Rodolfo Carneiro, a chave está em unir técnica, empatia e educação em saúde. “Precisamos formar novos neurocirurgiões preparados para lidar com a técnica e com o ser humano. E também educar a população sobre quando e como procurar um especialista.”
Considerações finais
A profissão de neurocirurgião no Brasil é desafiadora, mas também profundamente transformadora. Dr. Rodolfo Carneiro, com sua experiência e visão humanizada, mostra que é possível superar os entraves do sistema com compromisso, conhecimento e empatia.
“Se você quer ser neurocirurgião, esteja pronto para nunca parar de aprender. Esteja pronto para se doar. Mas saiba também que cada paciente reabilitado, cada dor aliviada, faz tudo valer a pena”, finaliza Dr. Rodolfo com os olhos brilhando, refletindo a paixão que move sua carreira e inspira novos profissionais.