Na manhã de terça-feira, 29 de abril, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets do Senado Federal efetuou a prisão em flagrante do empresário Daniel Pardim Tavares Lima sob a acusação de falso testemunho, conforme divulgado pela Agência Senado.
A medida foi solicitada pela relatora da comissão, Soraya Thronicke (Podemos-MS), e posteriormente validada pelo presidente do colegiado, Dr. Hiran (PP-RR). O motivo da detenção se deu após Pardim afirmar não conhecer a advogada Adélia de Jesus Soares, sua sócia na Peach Blossom River Technology.
A Peach Blossom River Technology é uma empresa envolvida com a Payflow, que oferece serviços para plataformas de apostas online e está sendo investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal por supostas práticas de lavagem de dinheiro e transações financeiras ilegais.
A senadora Soraya Thronicke declarou: “A mentira começou no início, quando disse que não conhecia os sócios. Fizemos repetidas perguntas e oferecemos oportunidades para que ele falasse a verdade. Não se forma uma sociedade com desconhecidos.” A relatora enfatizou que a omissão de informações por parte de Pardim configurou uma violação ao compromisso assumido como testemunha, levantando suspeitas de que ele poderia estar atuando como um ‘laranja’ no esquema investigado.
Além disso, a senadora expressou dúvidas sobre as condições financeiras de Pardim para arcar com sua defesa. Durante o depoimento, o empresário inicialmente se negou a revelar quem estava custeando seus advogados e, posteriormente, alegou que os serviços seriam prestados “pro bono”. A relatora contestou essa afirmação: “Depois ele mentiu dizendo que era gratuito.”
A atuação da defesa também recebeu críticas dos senadores presentes. O senador Marcos Rogério (PL-RO) acusou os advogados de interferirem no depoimento, afirmando que estavam “buzinando na orelha” do depoente. Os senadores reiteraram que embora Pardim tivesse o direito de não se incriminar, não podia omitir ou mentir.
No mesmo dia da prisão, a advogada Adélia Soares foi convocada para depor, mas não compareceu. O presidente da CPI anunciou que ela será conduzida coercitivamente para prestar esclarecimentos. Adélia representa a influenciadora Deolane Bezerra, que obteve uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, isentando-a da obrigação de comparecer à CPI em 10 de abril.
Os senadores Izalci Lucas (PL-DF) e Damares Alves (Republicanos-DF) também levantaram suspeitas sobre o papel de Pardim no esquema, sugerindo que ele poderia estar atuando como um ‘laranja’. Izalci apontou que o empresário é sócio de várias outras empresas, incluindo algumas no exterior, usadas para movimentar recursos dentro do setor de apostas, cuja expansão ocorreu entre 2018 e 2024 devido a brechas regulatórias.
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