O presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs no domingo (11) a realização de negociações diretas com a Ucrânia no próximo dia 15 de maio, na cidade de Istambul, na Turquia. A proposta foi recebida com cautela por autoridades internacionais e classificada como um “sinal positivo” pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Putin afirmou que o objetivo principal das conversas deve ser a eliminação das causas profundas da guerra, e não apenas uma pausa momentânea para rearmamento. “É preciso buscar uma solução pacífica e duradoura”, declarou o líder russo.
A proposta também foi elogiada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que considerou a iniciativa “um passo positivo” para encerrar o conflito, que já ultrapassa dois anos.
Apesar do anúncio, horas depois a Rússia lançou novos ataques com drones contra Kiev e outras regiões da Ucrânia. O sistema de defesa antiaérea da capital entrou em ação para interceptar os dispositivos, e testemunhas relataram explosões semelhantes às causadas por interceptações. Uma pessoa ficou ferida nos arredores de Kiev e várias residências foram danificadas. Diante da ofensiva, Zelensky usou as redes sociais para pedir que um cessar-fogo comece a valer imediatamente, já nesta segunda-feira (12), antes mesmo da data marcada para o possível diálogo.
Pressão internacional
Líderes europeus também reagiram à proposta e aos novos ataques. Os chefes de governo da Alemanha, França, Reino Unido e Polônia divulgaram um pedido conjunto por um cessar-fogo imediato de 30 dias e advertiram que, caso não haja avanço nas negociações, novas sanções “massivas” poderão ser impostas à Rússia. A Turquia, por sua vez, confirmou que está disposta a sediar o encontro entre as delegações. O país, que é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), tem atuado como mediador neutro desde os primeiros meses do conflito e já sediou rodadas anteriores de negociação.
Análise geopolítica
O analista geopolítico Gustavo Brum avalia que a proposta de Putin pode ter motivações estratégicas. “Além de tentar se reposicionar no cenário internacional, o presidente russo busca evitar o endurecimento das sanções e, ao mesmo tempo, manter o controle da narrativa. Uma trégua agora pode beneficiar os dois lados, mas a continuidade dos ataques levanta dúvidas sobre a real intenção de Moscou”, afirmou.
Enquanto a comunidade internacional observa com cautela os desdobramentos, o conflito segue sem um desfecho claro. A expectativa agora se volta para a possível reunião em Istambul, que pode representar uma nova chance para o diálogo — ou apenas mais um capítulo de impasse na guerra que já devastou milhares de vidas.
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