As crianças se aglomeravam junto à cerca que arrematava a calçada colada no mar. Um pequeno costão urbanizado onde marolas e o movimento das marés fazia oscilar as águas, ora cobrindo mais, ora cobrindo nada das pedras cravadas naquelas águas rasas.
As crianças miravam fixamente, umas grudadas nas outras, para uma única porção do mar. Olhos colados naquela paisagem, e de repente, as crianças gritavam eufóricas: “ali!”, “ali!” Cada grito era seguido de mais olhos atentos e eufóricos e também me pus a fitar o mar para ver o que dali estava prestes a resultar. Nova aglomeração e outras ondas de “ali!”, “ali!” para, então, perceber a sutil e pitoresca cabeça desengonçada em meio às ondas. Quase imperceptível e impossível de saber onde ela emergiria e as cabeças das crianças procuravam, gritavam a cada avistamento. Sem me dar conta também me pus a mirar e procurar por aquela vastidão do mar onde uma cabeça de tartaruga iria despontar. “Ali!”, “ali!” era eu também a exclamar.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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