Ao término da escrita do livro voltei para reler todas as crônicas, com cuidado e cautela. Tanto silêncio é para não acorda-las. Quem nunca adentrou um campo minado de crônicas não sabe do que estou falando, elas se comportam, muitas vezes, como uma falange inimiga, meliantes perigosas, prontas para atacar e agredir o próprio autor, dando-lhe bordoadas na cabeça por ter liberado tamanha atrocidade.
Se o escritor tentar se desculpar, será pior para ele, pois não há crime maior do que justificar alguma coisa escrita. Sei que não tenho álibi, voluntariamente, avancei sobre o papel e escrevi, rabisquei muito, o bom e o ruim, o chato e o glorificante. Também fui eu mesma e esta é a parte que recusa o perdão.
Desavisada, me embrenhei na selva insana da escrita. Um dia talvez me arrependa, um dia talvez me condene, mas não terá sido por ser raquítica e insignificante.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
Leia também: Carro capota em canteiro central da PR-151 e mobiliza equipes