Debaixo de um ipê rosa florido, a pesquisadora Maísa Caminski Antunes caminha com os filhos Pedro e Melissa no campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A cena, carregada de afeto, também carrega reflexões profundas. Neste Dia das Mães, comemorado neste domingo (11), Maísa usa sua vivência para dar visibilidade à diversidade das experiências maternas dentro da universidade pública.
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPG (PPGE), Maísa pesquisa justamente o suporte que a instituição oferece a mães estudantes. Sua trajetória acadêmica começou na graduação em Pedagogia, onde já abordava questões relacionadas à maternidade. Agora, sob orientação da professora Marcela Teixeira Godoy, ela aprofunda o tema com um olhar crítico e sensível.
“Me tornei sujeito vivendo esta realidade. Comecei a me questionar sobre a maternidade universitária quando me vi nesse processo”, afirma.
Durante a graduação, Maísa engravidou de Pedro. Melissa nasceu quando ela foi aprovada no mestrado. A pesquisadora destaca que a vivência da maternidade nas universidades públicas ainda é marcada por obstáculos e invisibilidades. Embora a UEPG ofereça o Regime de Exercícios Domiciliares (RED) — que garante até 120 dias de afastamento para gestantes e adotantes —, a permanência nos estudos exige uma rede de apoio e compreensão institucional.
“Minha maternidade está situada na vivência de uma mulher cis, branca, da classe trabalhadora, que há um ano se tornou mãe solo. É fundamental falar da maternidade no plural, porque há múltiplas experiências que precisam ser respeitadas”.
Na UEPG, segundo dados da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), pelo menos 60 estudantes vivenciam a maternidade atualmente. Entre as servidoras, 628 das 770 professoras e agentes universitárias (efetivas e temporárias) também são mães. Apesar disso, Maísa aponta que ainda existe um olhar idealizado e romantizado sobre o papel materno, o que mascara as dificuldades reais enfrentadas por essas mulheres.
“Não dá para idealizar a mãe como uma guerreira. Ela não deveria ser, não deveríamos carregar tanta sobrecarga”.
Neste Dia das Mães, a pesquisadora propõe uma mudança de perspectiva: que a data vá além das flores e homenagens simbólicas. Ela defende que a maternidade seja compreendida em sua complexidade, com respeito, escuta e políticas públicas efetivas de acolhimento.
“Quero que minha pesquisa gere impacto prático. Que a universidade olhe para as mães sem romantização e com mais compromisso em garantir sua permanência com dignidade”.
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